A investigação do caso do menino de três anos morto pelo padrasto em Taquari suspeita que a criança sofria maus-tratos. O caso foi assumido pelo delegado Dinarte Marshall Júnior. Segundo ele, a hipótese surgiu após a verificação da casa em que ocorreu o crime na última quinta-feira (3).
— No local dos fatos, as crianças viviam em condições precárias de higiene e cuidados básicos eram negligenciados. A vítima estava com infestação de piolhos — afirma o delegado.
A polícia recebeu a informação da perícia de que a causa da morte de João Vicente Luz de Vargas foi uma hemorragia intracraniana, provavelmente decorrente de traumatismo na cabeça. Na sexta-feira (4), Josuel Cardozo Bergenthal, 25 anos, confessou ter agredido o enteado e foi preso em flagrante por homicídio duplamente qualificado. A prisão preventiva dele foi concedida pela Justiça e ele aguarda em Lajeado uma vaga no sistema prisional.
A investigação ainda vai ouvir a mãe da criança, a babá, vizinhos, familiares e mais testemunhas nos próximos dias. O delegado também vai considerar outro fato que pode ter contribuído para as agressões do padrasto.
— Algo mais triste e revoltante, a vítima estava em processo de análise médica para diagnóstico de autismo. Talvez essa seja a razão do choro e do comportamento da criança que levaram o padrasto à barbárie.
Um prontuário médico foi solicitado para verificar essa suspeita. O laudo oficial da perícia também vai trazer novos elementos à investigação. O inquérito policial será concluído até 13 de fevereiro.
Nesta sexta-feira, o padrasto contou em depoimento que perdeu a paciência com o choro de João Vicente e o agrediu com socos e chutes. A mãe do menino estava trabalhando e foi chamada pela filha de seis anos para socorrer o filho. A criança foi levada desacordada para o hospital com ajuda de um vizinho, mas já chegou sem vida ao local. O delegado plantonista Augusto Cavalheiro Neto, titular da Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA) de Lajeado, disse que chamou a atenção que João Vicente não era levado para ficar com a babá desde o último sábado (29) e passou a ficar somente com o padrasto.
De acordo com a polícia, Bergenthal negou o envolvimento da mãe da criança. A família era de Canoas e se mudou há mais de 20 dias para Taquari.