Uma operação policial foi realizada na manhã desta quarta-feira (23), no Rio Grande do Sul e em São Paulo, para tentar prender um homem apontado como um dos mandantes do sequestro e da morte de Fernanda Aparecida da Silva, 31 anos, ocorridos no final do ano passado em São Leopoldo. Segundo a investigação, o suspeito — que não teve o nome divulgado — é integrante de uma facção que age em todo o país a partir de presídios paulistas.
Ainda conforme a apuração, Fernanda não era o alvo dos criminosos, mas sim o companheiro dela. O homem conseguiu escapar de uma emboscada e ingressou no programa de proteção à testemunha.
A Polícia Civil descobriu que ele atuava como entregador de drogas para a organização criminosa de São Paulo — que atua no RS em conjunto com outra, que tem base em Novo Hamburgo.
O diretor da Divisão de Homicídios Metropolitana do Departamento de Homicídios, delegado Cassiano Cabral, diz que o suspeito de ser o mandante do assassinato de Fernanda ainda não foi localizado e que as buscas continuam no litoral paulista. No apartamento onde o homem reside, em Praia Grande, foi apreendida uma arma, mas o local estava vazio.
Estão sendo cumpridos três mandados de prisão temporário no Rio Grande do Sul e um em São Paulo, além de mandados de busca em São Leopoldo, Gravataí, Bento Gonçalves e Praia Grande. Cerca de 40 policiais gaúchos e paulistas participam da ofensiva.
Alvos de emboscada
O delegado diz que Fernanda foi executada porque estava junto com o companheiro durante uma emboscada, no dia 18 de dezembro de 2021, em São Leopoldo. Os dois foram abordados por criminosos que se passaram por vendedores de um carro, pelo qual o casal teria interesse em adquirir.
Durante a ação, após as vítimas terem sido abordadas e capturadas, o homem conseguiu fugir de um veículo em movimento e procurou a polícia, passando a ser testemunha do fato e ingressando no sistema de proteção.
Segundo Cabral, ele confessou que vendia drogas na serra gaúcha para as facções paulista e do Vale do Sinos. As organizações criminosas resolveram executá-lo por entenderem que ele havia denunciado dois traficantes que foram presos no ano passado pela Brigada Militar em Bento Gonçalves.
— Essa teria sido a motivação de tudo. O homem foi apontado por ter denunciado dois traficantes, um homem e uma mulher, que foram detidos logo depois que ele havia entregue drogas para o casal. Ocorreu o chamado tribunal do tráfico, já que os líderes foram acionados e decidiram pela execução. A mulher foi morta apenas porque estava junto com o companheiro no dia da emboscada — explica Cabral.
Mandados de prisão
O casal de traficantes da Serra, que já havia sido detido em novembro do ano passado, também foi alvo nesta quarta-feira de dois mandados de prisão. O homem estava na Penitenciária de Caxias do Sul, e a mulher foi encontrada em uma residência, já que estava em prisão domiciliar.
Há ainda um suspeito de ser um dos executores que teve mandado de prisão cumprido contra ele na manhã desta quarta. O homem, que está na Penitenciária Estadual de Sapucaia do Sul, foi detido logo após o crime, dia 19 de dezembro.
Segundo Cabral, ele participou da emboscada e do assassinato. Depois disso, recebeu uma ordem dos líderes para incendiar o veículo e os documentos da vítima. No entanto, foi detido em flagrante, pela Brigada Militar em São Leopoldo, com o automóvel.
Um segundo suspeito de ser um dos executores de Fernanda foi assassinado dia 18 de janeiro deste ano, e outro está detido no sistema prisional gaúcho, na Penitenciária de Ijuí.