O assalto a uma loja com reféns que mobilizava agentes de segurança desde o meio-dia em Palmeira das Missões chegou ao fim por volta das 18h15min desta segunda-feira (7). Após horas de negociações, os dois criminosos se entregaram e libertaram as seis pessoas que eram mantidas no interior do estabelecimento comercial.
O encerramento da ação ocorreu após a chegada da advogada de um dos criminosos. Essa era uma das condições da dupla. Os homens, de 20 e 30 anos, ambos de Passo Fundo e com antecedentes criminais, foram detidos pela Brigada Militar e levados para a Delegacia de Polícia para registro da ocorrência e exame de corpo de delito. Após, serão levados para o sistema penitenciário no noroeste gaúcho.
As vítimas saíram ilesas e receberam atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Segundo a BM, os dois assaltantes chegaram por volta do meio-dia, quando a loja Meluchinha, um tradicional bazar que vende brinquedos, papelaria e utilidades, estava fechando. A dupla teria anunciado o roubo e feito oito reféns, incluindo a proprietária.
Ao perceber que não havia dinheiro na loja, os criminosos decidiram ir embora, segundo relataram em depoimento. No entanto, a Brigada Militar já havia sido acionada. Ao chegar na porta do estabelecimento, eles depararam com os brigadianos teriam efetuado um disparo contra eles.
Uma grávida que estava na loja foi liberada logo no começo da ação, assim como uma outra mulher. A gestante passou por atendimento médico no Hospital de Caridade.
— São dois elementos armados com armas curtas, do tipo revólver. Eles ligaram para a advogada deles, que está em Passo Fundo, e ela recebe os pedidos deles e repassa para o negociador da Brigada Militar — descreveu o coronel Carlos Augusto da Cruz Soares, comandante do Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) do Alto Jacuí.
As negociações foram conduzidas pela Brigada Militar. O Batalhão de Operações Especiais (Bope) também foi acionado. Conforme o subcomandante do CRPO do Alto Jacuí, tenente-coronel Marcelo Carpes, dois fatores aumentaram o tempo de negociações: as mudanças nas exigências dos criminosos e a espera pela chegada da advogada da dupla que precisou se deslocar de carro de Passo Fundo.
Carpes explica que cerca de 30 agentes da Brigada Militar participaram da operação. O subcomandante agradeceu o apoio recebido por equipes do Samu, da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros e da RGE.
— O pessoal de Palmeira das Missões fez as contenções devidas, afastando qualquer tipo de risco parta transeuntes até a minha chegada para avaliarmos o grau de risco do sequestro. Acionamos o batalhão de aviação, deslocando um negociador da Brigada caso houvesse necessidade. Não tomamos nenhuma atitude precipitada. Temos de preservar em primeiro lugar as vítimas, os agentes de segurança e os delinquentes — disse.
No momento da rendição, a advogada de um dos criminosos e a imprensa, com coletes balísticos, vão até a esquina na qual fica a loja — essa era a exigência da dupla para encerrar a ocorrência. Os criminosos saem então do estabelecimento em uma espécie de cordão humano em que a dupla ficou no centro, rodeada por reféns.
O tenente-coronel Carpes, responsável pela negociação, conversou com os dois homens. Ele tranquiliza a dupla, informando que eram os mesmos agentes que haviam entregado água a eles anteriormente e pede que abaixem as armas.
— Manda recuar, manda recuar — grita um dos criminosos, enquanto atravessam.
A advogada e os policiais militares pedem que os homens larguem as armas e se deitem no chão. A dupla pede calma e deixa os revólveres na rua. Eles se rendem e deitam de bruços.
Os agentes do grupamento de ações táticas da BM se dirigem à dupla enquanto os reféns correm em direção aos policias, no sentido oposto ao local onde os criminosos permanecem imobilizados. As vítimas são recebidas pelos agentes do Samu, enquanto os homens são alocados nas viaturas.
Segundo Soares, a proprietária da loja foi agredida no início da ocorrência, pois os assaltantes estariam nervosos. Ela foi encaminhada para atendimento médico.
Transmissão ao vivo
Uma das reféns fez transmissões ao vivo por rede social de dentro da loja enquanto ocorria o sequestro. Em um momento do vídeo, ela é orientada por uma voz masculina a explicar a situação.
A mulher, que se apresenta no perfil da rede social como advogada, diz que haveria quatro advogados da cidade para representar os assaltantes além de outra profissional que estaria chegando de um município vizinho:
— O pessoal só quer sair e se entregar e está difícil. A gente está pedindo ajuda para a população, para a imprensa, para todo mundo...
Em outro momento do vídeo, ouve-se um dos ladrões no que parece ser uma conversa com o negociador da Brigada Militar.
— No melhor momento vamos jogar a arma no chão e vamos nos entregar. Nós sabemos o que fazemos. Queremos a advogada aqui porque pedimos para ela...