Nove trabalhadores em situação considerada de risco foram resgatados por policiais federais numa propriedade em São Borja, na Fronteira Oeste. Entre eles, está um adolescente de 15 anos. O flagrante foi feito após denúncia por telefone realizada por uma das vítimas à Delegacia da Polícia Federal da cidade. Conforme o delegado Márcio Alves Mathias, o grupo foi chamado para trabalhar na lavoura. Os trabalhadores são moradores de Cacequi e foram conduzidos à delegacia, onde foram ouvidos.
— A vítima conseguiu nos mandar a sua localização. Eles estavam numa propriedade no interior de São Borja. A partir disso, mobilizamos as equipes e deslocamos para o local. Encontramos o grupo de trabalhadores. Conversamos com eles e com o pessoal da propriedade rural. Constatamos que esse grupo de nove trabalhadores, incluindo um menor, foi aliciado no município de Cacequi. Foram trazidos até São Borja sob a promessa de que receberiam alojamento, alimentação e valor de diária de R$ 130 — relata o delegado.
Segundo Mathias, quando os trabalhadores chegaram ao local se depararam com uma situação absolutamente diferente da prometida.
— Não foi fornecido local adequado para o pernoite deles. Eles tiveram que ficar numa pecinha medindo cerca de dois por três metros. Além disso, eles teriam que improvisar o alojamento deles com bags (bolsas) e dormir ao relento. As condições ali eram insalubres. Havia uma grande quantidade de agrotóxicos no seu entorno — complementa o delegado.
Os trabalhadores fariam a aplicação de agrotóxico numa lavoura de arroz. No caso do adolescente, o Conselho Tutelar foi comunicado. A Secretaria de Assistência Social de São Borja foi acionada e providenciou o acolhimento do grupo no Albergue Municipal e posteriormente o retorno à cidade de Cacequi.
A Polícia Federal vai instaurar inquérito para apurar o possível aliciamento dos trabalhadores para posterior submissão ao trabalho escravo.