Dentro e fora dos ringues, a explosividade era a marca do lutador de MMA Maiquel Falcão, 40 anos, assassinado no sul do Estado na madrugada de domingo (23). O pelotense que chegou às maiores organizações de artes marciais mistas do mundo teve a carreira prejudicada por brigas de rua. Ele foi encontrado com dois cortes no abdômen e não resistiu aos ferimentos.
Com um cartel de 40 vitórias e 20 derrotas, Falcão teve passagens pelo Ultimate Fighting Championship (UFC), pelo KSW, um das principais organizações de MMA da Europa, e foi campeão do Grand Prix de peso-médio do Bellator em Lake Charles (EUA), em 2012. Ganhou o apelido de Big Rig na arena — grande caminhão, em inglês.
— Era um atleta explosivo. A base era do boxe, então lutava de pé, mais movimentos superiores, com um bom soco curto — destaca o ex-preparador físico João Luis Mulling Ferreira.
Ele não chegou a se aposentar: nos últimos anos, lutou em eventos na Rússia, em Dubai e na Sérvia. Seu último combate foi em outubro de 2021, quando perdeu para Nemanja Neveric, pela Serbian Battle Championship (SBC).
No auge, Falcão fez uma luta apenas no UFC, e impressionou. O gaúcho derrotou o astro Gerald Harris em novembro de 2010 com decisão unânime — a primeira derrota do americano em três anos.
Mas Falcão foi demitido pelo UFC em maio de 2011, duas semanas após assinar contrato para participar do UFC Rio. A motivação foi “problemas judiciais” em decorrência de uma briga, anos antes, em frente a uma boate. Ele voltaria a virar notícia em razão de uma briga em um posto de combustíveis em Camboriú, Santa Catarina, em 2013.
A apuração do homicídio
A polícia ainda investiga quem foi o autor e qual a motivação do assassinato. Para o delegado Félix Rafanhim, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Falcão teria participado de uma briga.
— Ele tinha ferimentos de arma branca no abdômen e havia estilhaços de garrafas na volta — relata Rafanhim.
Falcão foi encontrado pela Brigada Militar caído e sozinho por volta das 3h45min em frente a um bar na Rua Major Francisco Nunes de Souza, em Pelotas. Chegou a ser socorrido ao Hospital de Pronto Socorro, mas não resistiu aos ferimentos.
A polícia não divulga se há testemunhas ou imagens de câmeras de segurança para não atrapalhar a investigação, mas pede que quem tiver informações faça contato pelo telefone e WhatsApp (53) 98448-0886.
O corpo foi velado na tarde de domingo (23), no Cemitério Santa Tecla, em Capão do Leão. Nas redes sociais, a filha de Falcão publicou uma homenagem: "Nós fizemos uma promessa de que iríamos ficar pra sempre juntos um ao lado do outro independente de tudo. Nessa manhã me vejo sozinha sem o meu herói, Deus me tirou um pedaço de mim".
O lutador deixa também outros dois filhos e uma neta.