Em apenas uma semana, uma moradora da zona norte de Porto Alegre caiu em três golpes. Com o objetivo de conseguir R$ 13 mil, que usaria para dar entrada na casa própria, Angela Aparecida Fernandes Obadowski, 39 anos, teria tido R$ 10,5 mil furtados por estelionatários.
A auxiliar contábil começou uma negociação com supostos representantes de um banco de São Paulo pelas redes sociais no dia 11. Os golpistas fizeram contato com ela no Instagram, e a conversa se desenvolveu pelo WhatsApp, com três contatos diferentes, que cometiam frequentes erros gramaticais. A vítima chegou a assinar um suposto contrato de empréstimo.
Mas assim que Ângela pagava uma tarifa acordada por transferência via Pix, os golpistas pediam a quitação de uma nova taxa para liberar o valor acordado. Eles solicitaram uma tarifa para liberação de crédito, o pagamento do setor jurídico e um seguro para quem está negativado. Após depositar R$ 7.384,81 na conta dos sujeitos, valor obtido com amigos, ela ameaçou ir à polícia e foi bloqueada no chat.
Após, outros dois supostos agiotas fizeram contato com ela via mensagem no Instagram oferecendo empréstimos, no dia 12 e no dia 15. Desesperada para conseguir pagar seus amigos, ela acabou efetuando o pagamento de R$ 2.229,11 para um e R$ 950 para outro, valor também obtido com pessoas próximas, segundo ela. Novamente, foi bloqueada.
Angela conta que está sem conseguir se alimentar ou dormir direito há três dias e que chora com frequência:
— Eu nunca tinha feito empréstimos, me senti burra, idiota de não ter percebido. É uma sensação de que você está em um buraco sem saída.
O delegado Alexandre Vieira, plantonista da 4ª Delegacia de Polícia, onde a vítima fez o boletim de ocorrência, relata que despachou o caso para o setor de investigações a fim de rastrear para onde foi o dinheiro.
— Estamos oficiando os bancos (da transferência) para chegar na autoria — diz.
Ele ressalta que, recentemente, aumentaram expressivamente os casos de estelionato:
— A gente vê muitas pessoas caindo em ofertas de juros abaixo de mercado oferecidas via internet.
O delegado recomenda que, ao necessitar de um empréstimo, a pessoa procure a própria agência bancária e fale com o seu gerente.