A Polícia Civil divulgou neste sábado (18) que remeteu na sexta-feira (17) um inquérito com mais de 21 volumes e 4,2 mil páginas à Justiça indiciando 34 pessoas por tráfico de drogas, crime organizado e lavagem de dinheiro. Os suspeitos fazem parte de um esquema iniciado em 2017 após uma facção paulista passar a operar no Rio Grande do Sul, movimentando R$ 12 milhões por mês. Os líderes da organização criminosa foram indiciados em setembro deste ano. Foram realizadas duas operações policiais em 2021 contra os investigados, que chegaram a investir em criptomoedas e na Bolsa de Valores de São Paulo.
Incluindo os cinco líderes já indiciados em setembro deste ano, pelos mesmos tipos de delitos, o total chega a 39 pessoas responsabilizadas. Ao todo, foi um ano e meio de investigação do delegado Adriano Nonnenmacher, da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc). Os indiciados, além dos líderes, são gerentes, operadores financeiros e logísticos, além de laranjas.
A facção paulista passou a operar no Estado por meio de outra organização criminosa gaúcha que tem base no Vale do Sinos. Após um ano e meio de investigação, Nonnenmacher conseguiu identificar uma complexa rede criminosa que movimentava R$ 12 milhões mensais através da venda de drogas no Rio Grande do Sul e com investimentos que configuraram a lavagem de dinheiro. O esquema era agenciado por 45 operadores financeiros e os valores eram remetidos para fora do Estado em pelo menos cem contas bancárias em nome de laranjas, uma delas em nome de uma criança de sete anos, de Santa Maria. Nessa conta, por exemplo, havia R$ 700 mil. Todas foram bloqueadas judicialmente.
O grupo ainda investia em imóveis, carros, a maioria de luxo, mas também em criptomoedas e na Bolsa de Valores de São Paulo, além de usar doleiros para enviar dinheiro para fora do país. Um dos doleiros, inclusive, foi investigado na Operação Lava-Jato. O Denarc realizou duas operações policiais neste ano contra estas duas facções, uma em julho, envolvendo sete Estados, e outra em novembro, quando foram apreendidos bens avaliados em mais de R$ 3 milhões. Sobre os líderes, três são gaúchos, um é baiano e outro é paranaense. Três ainda seguem foragidos.
Além disso, a polícia detectou que vários paulistas, que estão entre os indiciados, circulavam diretamente pelo Rio Grande do Sul. As cidades foram Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Sapucaia do Sul, Estância Velha, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Guaíba, Encruzilhada do Sul, Charqueadas e Santa Cruz do Sul. Em todos os municípios, houve ações policiais. Fora do Estado, foram detectadas operações da facção paulista, com vínculo ao tráfico em solo gaúcho, em Itapema e Florianópolis, em Santa Catarina, Foz do Iguaçu, Londrina e Colombo, no Paraná, Ponta Porã e Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, Porto Seguro, na Bahia, São Paulo e Belém do Pará.