Pelo menos dois soldados foram afastados de suas funções, na última sexta-feira (6), após supostas irregularidades que teriam sido cometidas em seletiva interna para promoção de sargentos da Brigada Militar, realizada em julho no Estado. Cerca de 8,5 mil policiais fizeram a prova.
De acordo com a corporação, um inquérito foi aberto assim que as denúncias chegaram à BM. A investigação segue em andamento e deve ser concluída ainda neste mês. A corporação não detalhou o que os policiais afastados teriam feito, afirmando apenas que teriam agido em benefício próprio. Segundo a Brigada, não há comprometimento da seletiva por se tratar de casos pontuais.
"A instituição irá aplicar todo o rigor da lei para punir eventuais desvios, caso algum ilícito se comprove, inclusive com eventual exclusão da corporação. Cabe destacar ainda que não foi identificada nenhuma suspeita que coloque em risco a integridade e o andamento da seletiva para o Curso Técnico de Segurança Pública (CTSP)", afirmou a BM em nota.
Na semana passada, foi ajuizada na Justiça uma ação popular questionando a seletiva. O advogado Thiago Carrão Sturmer, responsável pela ação, afirma que foi procurado por mais de 500 policiais que fizeram a prova e teriam constatado série de irregularidades. A ação pede também que a seletiva seja suspensa imediatamente.
Os relatos, segundo o advogado, indicam que alguns brigadianos teriam recebido o cartão de resposta da prova já marcado com a opção correta. Além disso, os candidatos afirmam que um oficial da corporação, que teria integrado a banca que elaborou a prova, teria repassado informações do exame em um cursinho preparatório em que atua como professor, supostamente favorecendo os alunos do local. A BM afirmou que essa denúncia foi verificada e não procede: o homem teria se dito impedido de integrar a banca logo no começo do processo, segundo a instituição.
— A gente acredita que a grande maioria das pessoas que passou neste concurso conquistou isso por mérito próprio, mas existem pessoas que burlaram o sistema e isso pode fazer com que o certame seja anulado — defende o advogado.
A Procuradoria-Geral do Estado (PGE-RS) afirmou, em nota, que "analisando os pontos abordados na ação e também os documentos fornecidos pela Secretaria da Segurança, avalia que não há nenhum elemento capaz de embasar a cautelar pleiteada pelo autor da ação".
O Ministério Público se manifestou, nesta quinta (12), pedindo que a ação seja deslocada para Porto Alegre para ser deliberada, poque seria o "foro mais adequado". Caso a juíza do caso negue esse pedido, o MP solicitou que a liminar que suspende a seletiva seja acolhidas até os "esclarecimentos completos".
A manifestação aguarda a análise da Justiça.