A Brigada Militar afastou mais dois soldados de suas funções por supostas irregularidades que teriam ocorrido em uma seletiva interna para promoção a sargentos da corporação. Outros dois já haviam sido afastados pelo mesmo motivo.
Os quatro afastamentos ocorreram no começo do mês e são de PMs mulheres que atuavam em Porto Alegre. A seletiva foi realizada em julho, e cerca de 8,5 mil policiais fizeram a prova.
De acordo com a BM, após o exame, foram recebidas denúncias de irregularidades. Um inquérito foi aberto e segue em andamento.
A investigação decidiu por afastar as quatro soldados, que teriam burlado o cartão de resposta da prova em benefício próprio, segundo a entidade. A aprovação no exame permite o ingresso no Curso Técnico de Segurança Pública (CTSP), para promoção ao cargo de sargento.
Segundo o comandante-geral da BM, coronel Vanius Cesar Santarosa, os casos são pontuais e não comprometem a seletiva como um todo.
— O comando da Brigada Militar não compactua com desvio de função. Os que forem comprovados serão punidos com rigor da lei, que vai de punição branda até a exclusão da corporação. Esse fato é pontual, centralizado nessas quatro policiais e não compromete os demais candidatos. O inquérito tem boa robusteza de provas, que comprovam essa tentativa delas de burlar a prova — disse.
Duas das policiais afastadas já estão em processo de demissão, porque estavam na corporação a menos de cinco anos e não possuem estabilidade na função. As outras duas só terão a punição definida após a conclusão do inquérito, por terem estabilidade.
Todas estão à disposição do encarregado do inquérito, segundo a BM.
Ação na Justiça pede que seletiva seja suspensa durante investigação
Além do inquérito interno da BM, uma ação popular foi ajuizada na Justiça questionando a seletiva. O advogado Thiago Carrão Sturmer, responsável pela petição, afirma que foi procurado por mais de 500 policiais que fizeram a prova e teriam constatado uma série de irregularidades — entre elas, alguns brigadianos teriam recebido o cartão de resposta da prova já marcado com a opção correta.
A ação pede também que a seletiva seja suspensa imediatamente. A Justiça ainda não decidiu sobre o pedido.
Para o advogado, a seletiva deve ser suspensa porque pode gerar prejuízos ao Estado:
— Se não for concedido esse pedido de suspensão, os aprovados na seletiva podem ser deslocados para outros municípios para começarem em suas novas funções. Se, ao final do processo, for comprovado que a seletiva estava comprometida, eles terão de voltar para os lugares de onde foram destacados, voltar a ser soldados. Isso pode gerar um prejuízo ao Estado, um gasto público desnecessário — pontua.