O avanço da investigação sobre a causa do incêndio no prédio da Secretaria da Segurança Pública (SSP) em Porto Alegre na noite da última quarta-feira (14) já permite que a Polícia Civil praticamente descarte a possibilidade de crime. À frente da apuração, o delegado Daniel Ordahi afirma que as informações colhidas até o momento reforçam a hipótese de que uma falha elétrica possa ter iniciado as chamas - tese que depende do resultado do laudo pericial. Parte do prédio desabou com o avanço do fogo e dois bombeiros estão desaparecidos.
Sete pessoas foram ouvidas na quinta (15) e sexta-feira (16) e a oitava prestou depoimento nesta segunda na 17ª Delegacia de Polícia, na Zona Norte. Todas elas são servidores da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e trabalhavam no quarto andar no momento em que as chamas teriam iniciado.
— Estamos ouvindo as pessoas que viram o fogo iniciar, sentiram o cheiro de fumaça. Viram a fumaça espessa. Foram essas pessoas que deram primeiro combate e, por coincidência, tinham feito curso de brigadista de incêndio há três semanas. Chegaram a usar extintor para tentar apagar fogo no teto, não conseguiram e começaram a providenciar evacuação do prédio. Tudo leva a crer que começou por alguma pane elétrica no prédio, algum curto circuito — acredita o delegado.
Cerca de 40 trabalhadores estavam no prédio quando o fogo começou. Os agentes também buscam imagens de câmeras internas de segurança que possam estar salvas em backup remoto ou em nuvem de armazenamento, já que muitas câmeras foram queimadas. O delegado, que trabalha em contato direto com os peritos, fez as oitivas acompanhado pelos técnicos do Instituto-Geral de Perícia (IGP). Uma das testemunhas respondeu a 20 perguntas de especificidades de eletricidade.
— Um depoimento vai puxando o outro. Queremos ouvir pelo menos aqueles que estavam no local e que providenciaram a evacuação. É uma investigação desafiadora pelo resultado final do prédio em si. Queremos entender o máximo possível da dinâmica do fato, tentando refazer uma reconstituição mais próxima do possível para ver se alguém tem alguma culpa ou não. O inquérito também depende muito do laudo pericial que trará um resultado presumido do que aconteceu.
Na quinta e sexta-feira, técnicos do IGP usaram drones para registrar as áreas atingidas pelo incêndio no prédio. O levantamento inicial foi feito apenas na parte externa, porque no local seguem as buscas pelos dois bombeiros desaparecidos. A perícia na parte interna só será realizada se não houver riscos de desabamento.