A Polícia Civil continua recebendo contatos de produtores que afirmam terem sido vítimas de um homem suspeito de aplicar golpes em pecuaristas na compra de gado em todo o Estado, em especial na Região Central. Ele foi preso na noite de terça-feira (22), na casa de familiares, em Porto Alegre.
O delegado Antônio Firmino de Freitas Neto, que responde pela delegacia de Formigueiro — de onde é a maior parte das vítimas — e comanda a investigação em conjunto com o delegado André Mendes, da Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato, relata que alguns produtores têm feito contato, mas não estão registrando ocorrência na esperança de ainda receberem os valores.
Conforme o delegado Firmino, um pecuarista procurou a 4ª Delegacia de Polícia de Santa Maria e relatou ter feito uma venda de R$ 150 mil ao suspeito e ainda não recebeu. No entanto, ele não quis registrar ocorrência porque ainda espera ter a dívida quitada.
Como não houve representação da vítima, fundamental nesse tipo de crime, o caso desse produtor não entrará na investigação.
Até o momento, 31 ocorrências foram registradas, 22 delas de produtores de Formigueiro. No entanto, também há vítimas em Caçapava do Sul, Restinga Sêca, São Sepé, Júlio de Castilhos e de outros municípios da Fronteira Oeste.
A estimativa é que 3,3 mil cabeças de gado foram negociadas pelo suspeito, e o valor já chega a R$ 12 milhões.
Interrogatório
A Polícia Civil espera ouvir o principal suspeito entre esta quarta (23) e quinta-feira (24). Ele está preso no Presídio Estadual de Caçapava do Sul. O caso é tratado como estelionato, já que os indícios apontam que o investigado tinha a intenção de enganar os produtores.
O principal suspeito foi preso na residência de familiares em Porto Alegre. Outro homem foi preso no interior de Caçapava do Sul. Além disso, sete investigados tiveram veículos apreendidos e contas bancárias e bens móveis e imóveis bloqueados.
Conforme as investigações, a dupla presa compraria bois de pecuaristas com cheques a prazo. A etapa seguinte seria a venda dos animais à vista para outras pessoas. Para conseguir essa negociação rápida, os valores eram mais baixos do que o gado valia.
Os pecuaristas só se davam conta que eram vítimas meses após as negociações, quando iam depositar os cheques pré-datados e descobriam que não havia fundo.