Manaus viveu uma onda de violência na madrugada deste domingo (6), em represália à morte de um traficante pela Polícia Militar (PM) no sábado (5). Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, foram incendiados 14 ônibus, duas viaturas policiais e uma ambulância do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu). Os coletivos foram parados e incendiados, depois que os passageiros foram obrigados a descer.
Conforme o secretário estadual de Segurança Pública, coronel Louismar Bonates, os ataques aconteceram em represália à morte do traficante Erick Batista Costa, conhecido como Dadinho, que seria um dos líderes da facção Comando Vermelho. Ele foi morto na noite de sábado, em confronto com policiais da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam), no bairro Redenção, em Manaus. A ordem dos ataques teria partido de um presídio onde cumpre pena um irmão de Dadinho, conhecido como Ton.
Bonates informou que o número de viaturas nas ruas de Manaus foi triplicado para reforçar a segurança, inclusive de prédios públicos, e que foi montado um gabinete de crise para monitorar a situação.
Ônibus recolhidos das ruas
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetran) disse que, devido aos ataques "aparentemente de caráter terrorista", a empresa de transporte coletivo foi obrigada a recolher toda a frota. Segundo o sindicato, a abordagem e os incêndios foram praticados por "grupos encapuzados e armados", disseminando o medo e inviabilizando o serviço essencial.
Também em nota, a prefeitura de Manaus informou que, por conta dos ataques, a frota em circulação foi retirada das ruas por algumas horas. "A liberação ocorreu às 6h, mas como aconteceram novos ataques às 6h45, os veículos foram recolhidos para as garagens."
Conforme a prefeitura, após reunião com a Secretaria de Segurança Pública do Estado e a garantia de segurança à integridade física dos trabalhadores e da população, dada pela secretaria estadual, ficou definido o retorno da circulação a partir do meio-dia. "Agentes estão nas ruas monitorando o trânsito e organizando o tráfego em todas as zonas da cidade", informou. No início da tarde, no entanto, ainda havia relatos da falta de transporte coletivo em grande parte da capital amazonense. A empresa de coleta de lixo também suspendeu os serviços, depois que um caminhão coletor foi incendiado.
Prédios incendiados
Uma agência bancária também foi alvo de ataque no bairro Compensa 2 e um prédio da prefeitura foi incendiado. O escritório da repartição e um trator que estavam no local foram queimados no bairro Compensa. Os vigilantes foram obrigados a deixar o local quando os criminosos chegaram, encapuzados e com galões de gasolina. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Manaus, quatro suspeitos de participar dos atos criminosos foram presos. A onda de violência atingiu também outras cidades, como Parintins e Careiro Castanho.
Os ataques acontecem no momento em que a capital do Amazonas já vive o drama das enchentes. No sábado, o Rio Negro atingiu 30 metros no Porto de Manaus, o maior nível em 119 anos, desde que as medições começaram a ser feitas, segundo o Serviço Geológico do Brasil. O recorde anterior era de 2012, quando o rio atingiu 29,98 metros. Em todo o Estado, mais de 400 mil pessoas foram atingidas pelas inundações.