A operação da Polícia Federal (PF) realizada nesta quarta-feira (2) e que teve como um dos alvos o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), tem entre os seis presos um empresário gaúcho. Rafael Garcia da Silveira é diretor e sócio da empresa Prime, contratada para prestar serviços de lavanderia no Hospital de Campanha Nilton Lins, que atende doentes com covid-19. É o que mostra despacho do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinando as prisões – documento ao qual a reportagem de GZH teve acesso.
Os serviços prestados pelo Nilton Lins são investigados pela CPI da Covid, do Senado Federal. As suspeitas são de que contratos das áreas de conservação e limpeza, lavanderia hospitalar e diagnóstico por imagem, todos os três firmados em janeiro de 2021 com o governo do Amazonas, tenham sofrido montagem e direcionamento do procedimento licitatório, prática de sobrepreço e não prestação de serviços contratados.
Tudo isso é também investigado pela Polícia Federal, que pediu e conseguiu junto ao STJ 25 mandados judiciais, sendo seis deles de prisão temporária e os demais, de busca e apreensão. Foram também quebrados os sigilos telemático, bancário e fiscal de mais de 30 pessoas e empresas.
Um dos presos na operação da PF é Silveira, que tem escritório em prédio junto ao Barra Shopping Sul, em Porto Alegre. Ele é diretor e proprietário da Prime Atividades de Apoio à Gestão de Saúde, que tem por contrato R$ 538 mil em 90 dias de atividade no Nilson Lins.
A Prime é investigada por não ter enviado para análise diversos documentos, como atestado de aptidão técnica, nota fiscal ou nota de empenho. Silveira teve como sócio na Prime, até dois anos atrás, o amazonense Sérgio Chalub, outro dos presos pela PF nesta quarta-feira.
Chalub hoje é diretor da Líder Serviços de Diagnóstico por Imagem (raio X, ultrassonografia e tomografia), contratada por R$ 515 mil para atuar, também por 90 dias, no mesmo hospital. Tanto os contratos da Líder quanto os da Prime são investigados para verificação de indícios de sobrepreço e ausência da prestação de serviços. A Líder é também suspeita de fraudar a qualificação técnica dos médicos contratados para trabalhar no Nilton Lins.
Sérgio Chalub já faturou mais de R$ 30 milhões em contratos para prestação de serviços em unidades de saúde amazonenses, conforme a CPI da Saúde, realizada em 2020 pela Assembleia Legislativa do Amazonas.
Quando ouvidos na CPI da Saúde, os proprietários da Prime e da Líder declararam estarem brigados. Silveira acusou Chalub de ter desviado R$ 2,5 milhões da empresa. Além disso, Chalub é suspeito de apresentar atestado de aptidão técnica falso para ganhar um pregão eletrônico no valor de R$ 2,2 milhões.
Os ex-sócios foram presos pela PF nesta quarta-feira e estão incomunicáveis, sendo interrogados em Manaus. A reportagem não conseguiu contato com seus defensores.