Após dois meses de investigação e da apreensão de vídeos e fotos, a Polícia Civil identificou dois traficantes que agiam para uma facção criminosa amedrontando moradores de vários bairros de Canoas. Um foi preso nesta sexta-feira (19) durante cumprimento de mandados judiciais. O outro segue sendo procurado. Ao todo, 35 policiais civis cumpriram dois mandados de prisão temporária e três de busca e apreensão.
O grupo expulsava e ameaçava moradores para usar as casas para o tráfico ou porque eles haviam feito denúncias à polícia. Em alguns casos, no bairro Mathias Velho, os criminosos deram vários tiros nas residências e, conforme imagens obtidas, jogaram coquetel molotov em uma casa. Em outras situações, extorquiam as vítimas, pedindo entre R$ 1 mil e R$ 10 mil para não expulsar as pessoas das próprias casas.
A chamada Operação Fire é resultado de dois meses de investigação por parte da equipe liderada pelo delegado Rafael Pereira, titular da 1ª Delegacia de Canoas. Segundo ele, o objetivo dos traficantes era usar as casas como ponto de venda de drogas ou depósito para armas e entorpecentes.
— Primeiro, eles decidiam algum ponto estratégico para venda ou depósito. Depois, começavam a ameaçar, se a pessoa resistisse, davam tiros nas casas pela noite. Uma que resistiu um pouco mais teve a casa alvejada por vários tiros e ainda parcialmente incendiada após um coquetel molotov ter sido jogado contra a residência. Soubemos disso devido às imagens apreendidas em celulares de suspeitos — diz Pereira.
As imagens eram feitas pelos suspeitos para divulgar em grupos de moradores e para serem difundidas nas redes sociais. O objetivo era mostrar as ações contra quem se opusesse à facção. Após a saída das pessoas, os criminosos ocupavam as residências. A polícia confirmou pelo menos dois casos desde o final do ano passado.
Em outras situações, as vítimas eram ameaçadas devido a suspeitas de terem repassado informações da ação de traficantes para a polícia ou até para grupos rivais. Além disso, os traficantes também passaram a extorquir alguns moradores. Segundo Pereira, eram as vítimas que tinham as casas escolhidas para serem usadas pelo tráfico. Mas, em alguns casos, os criminosos exigiam valores para não expulsar os moradores e passam a fazer as ameaças aos vizinhos.
— O objetivo era o mesmo. Ganhavam dinheiro a mais na extorsão e pegavam a casa do vizinho para fazer ameaças até a expulsão e assim usar como ponto de tráfico ou depósito — destaca o delegado Mario Souza, diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana.
A polícia informa que todos os casos estão sendo avaliados, mas há dificuldade de conseguir que as vítimas prestem depoimento por causa do terror que os investigados impuseram em alguns bairros do município.
Pelo fato de a investigação continuar e ainda ter um traficante foragido, a polícia não divulgou nomes dos suspeitos que tiveram a prisão temporária decretada.