Tamires Pires Pedroso, 33 anos, morta a tiros em Canoas, na última terça-feira (19), é descrita por familiares como uma pessoa responsável, alegre e trabalhadora. Tamires e o namorado, o policial militar Leonardo Paz Camargo, 28 anos, foram encontrados mortos em um apartamento. A Polícia Civil trabalha com a linha de investigação de que seja um caso de feminicídio seguido de suicídio. O casal estava junto há cerca de 11 meses.
— Ela era uma pessoa bondosa, trabalhadeira, uma mãe exemplar — afirma a mãe de Tamires, a cuidadora Otilia Maria Pires, 52 anos.
Tamires trabalhava como manicure autônoma e tinha uma filha de oito anos, que ficará sob responsabilidade de Otilia. Segundo a cuidadora, Tamires era a principal responsável pelo sustento da filha e tentava encontrar um outro trabalho para aumentar a renda. Tamires tinha uma casa recém adquirida em Cachoeirinha, na Região Metropolitana, mas estava morando com a mãe em São Leopoldo, no Vale do Sinos, em razão do trabalho.
A cuidadora destaca que a filha também será lembrada como uma pessoa de personalidade forte, feliz e que tinha o maior zelo pela filha:
— Ela estava sempre sorridente, não tinha nada de tristeza. Quem conhecia ela, sabia da índole dela.
Otilia diz que ainda tenta se recuperar do baque da morte da filha. Segundo ela, o relacionamento de Tamires com Leonardo era ótimo, sem sinais de desentendimentos ou algum tipo de atrito. Ela afirma que o namorado ajudava Tamires nos estudos e na busca de melhores condições para a criação da filha.
— Eles estavam superbem. Muito bem. Ele sempre foi muito atencioso tanto com ela quanto com a filha, comigo. Sempre foi muito educado. Uma pessoa excepcional — descreve a cuidadora.
Otilia agora junta forças para criar a neta de oito anos. Além da filha, Tamires deixa os pais e irmãos.
— É muito triste saber que ela não vai estar mais entre a gente. A gente tem uma responsabilidade enorme com a filha que ela tinha paixão. Uma filha que tinha paixão por ela — pontua Otilia.
Investigação
A delegada Clarissa Demartini, titular da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) de Canoas, afirma que os indícios colhidos pela investigação até o momento confirmam a tese de feminicídio seguido de suicídio. A delegada destaca que, assim como relato de familiares, vizinhos do apartamento onde Tamires foi morta afirmam que o casal não brigava e nem mantinha discussões. Agora, a polícia tenta conseguir acesso aos celulares encontrados no local do crime para esclarecer a motivação.
— Está sendo encaminhado hoje ao Poder Judiciário um ofício solicitando acesso ao conteúdo dos celulares, que tem mais a função de identificar que relacionamento eles estavam tendo, se estava havendo algum problema conjugal — explica a titular da Deam de Canoas.
As características da lesão no agressor — forma, distância do tiro, trajetória —, o silêncio no local antes e depois dos três disparos ouvidos por vizinhos e presença dos pertences pessoais dentro do apartamento, inclusive armas, afastam outras linhas de investigação, como latrocínio (roubo com morte), segundo a delegada.
Por volta da meia noite de segunda-feira (18), a vítima teria ido até o apartamento do namorado, em Canoas. Cerca de uma hora e meia depois, os vizinhos ouviram disparos e a polícia foi acionada. A vítima foi encontrada com dois tiros no corpo. O homem tinha um tiro na testa.