Um dos agressores de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, que morreu após ser espancado dentro de um Carrefour, em Porto Alegre, o ex-policial militar temporário Giovane Gaspar Silva afirmou, em depoimento à Polícia Civil, que achou que a vítima "estivesse encenando". O portal G1 e a RBS TV tiveram acesso ao depoimento.
— Eu tentei sentir a pulsação dele. Eu estava com a adrenalina muito alta. O fiscal também, este que estava com ele. Veio outro rapaz da Vector, fez ali, e disse que ele estava bem. (…) Depois chegou outro senhor e falou: "Cara, acho que ele tá morto". Sinceramente, achei que ele, naquele momento, estivesse encenando — afirmou Gaspar.
De acordo com a versão de Gaspar, ele foi chamado, pelo rádio, para verificar um problema em um caixa.
— Eu simplesmente, quando cheguei, cheguei caminhando, tranquilo vi que ele estava encarando muito a fiscal — conta.
Segundo Gaspar, João Alberto teria decidido, por conta própria, deixar o estabelecimento, e o segurança optou por acompanhá-lo. Gaspar relata que não houve provocações por parte de nenhum lado até o momento em que João Alberto deu um soco no ex-policial. Logo depois, as agressões ao cliente começaram.
— Ele simplesmente parou e me deu um soco, simplesmente. A minha primeira reação foi tentar pegar ele. Em nenhum momento eu quis dar soco nele. Eu ia imobilizar ele e deu, sabe? Eu não tive outra opção naquele momento senão golpear, sabe, eu não tive opção — afirmou.
Gaspar foi preso em flagrante no último dia 19, no mesmo dia que Freitas morreu, junto de Magno Braz Borges, outro segurança da loja, que também agrediu o homem.
Uma terceira pessoa, além dos dois seguranças que estão presos, teria agredido João Alberto naquela noite, segundo Gaspar:
— Eu segurei as pernas dele e pedi para esse fiscal segurar o braço dele e imobilizar um braço dele direito. É o momento em que chega outra pessoa, que eu não sei quem é, não vi, só vi que estava de branco. Chega outra pessoa e dá um chute nele.
Gaspar afirmou ainda que a fiscal da loja, Adriana Alves Dutra, que também foi presa, não deu ordens para que João Alberto fosse liberado. Adriana disse, em depoimento, que teria solicitado aos seguranças que parassem as agressões.
Gaspar afirmou ainda que não trabalhava para a Vector:
— Estava cobrindo a folga de outro colega. Era o primeiro dia e ele já tinha decidido que não ia permanecer nessa função — afirmou o advogado David Leal, que representa Giovane, ao G1.
O Grupo Vector, no entanto, afirmou ao portal que Gaspar foi contratado em regime CLT com contrato intermitente para função de fiscal de prevenção. Um dia após o crime, o grupo emitiu nota afirmando que "rescindiu por justa causa os contratos de trabalho" dos dois funcionários presos.
A Polícia Civil segue trabalhando no inquérito do caso.