O Dia da Consciência Negra de 2020 em Porto Alegre foi marcado por um episódio de barbárie: a morte de João Alberto Freitas, 40 anos, na noite anterior no estacionamento do Carrefour.
Dia sim, dia não, João Alberto ia até o Carrefour no bairro Passo D'Areia. Era conhecido dos operadores de caixa e havia convencido o pai, João Batista Rodrigues, 65 anos, a fazer o cartão do supermercado para poder pagar as compras em uma fatura única no final do mês.
Na noite de quinta-feira (19), foi com a esposa, a cuidadora de idosos Milena Borges Alves, comprar a janta do casal. Saiu de lá sem vida após ser agredido por seguranças.
O que diz o Grupo Vector
Nota de esclarecimento
O Grupo Vector lamenta profundamente os fatos ocorridos na noite de 19/11/2020, no Carrefour de Porto Alegre, se sensibiliza com os familiares da vítima e não tolera nenhum tipo de violência, especialmente aquelas decorrentes de intolerância e discriminação.
Comunica que rescindiu por justa causa os contratos de trabalho dos colaboradores envolvidos na ocorrência. Não obstante, a empresa tomará as medidas cabíveis, estando à disposição das autoridades e colaborando com as investigações para apuração da verdade.
Para esclarecimento, informa também que a empresa não atuava na área de vigilância do supermercado, mas sim na fiscalização de prevenção e perdas.
Por fim, ressalta que o Grupo Vector, fundado em 1993 e com cerca de 2.000 funcionários, submete seus colaboradores a treinamento adequado inerente às suas atividades, especialmente quanto à prática do respeito às diversidades, dignidade humana, garantias legais, liberdade de pensamento, bem como à diversidade racial e étnica.
O que diz o Carrefour
"O Carrefour informa que adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso. Também romperá o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão. O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário.
O Carrefour lamenta profundamente o caso. Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente.
Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais."
O que diz a Brigada Militar
Imediatamente após ter sido acionada para atendimento de ocorrência em supermercado da Capital, a Brigada Militar foi ao local e prendeu todos os envolvidos, inclusive o PM temporário, cuja conduta fora do horário de trabalho será avaliada com todos os rigores da lei.
Cabe destacar ainda que o PM Temporário não estava em serviço policial, uma vez que suas atribuições são restritas, conforme a legislação, à execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento, e, ainda, mediante convênio ou instrumento congênere, guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos.
A Brigada Militar, como instituição dedicada à proteção e à segurança de toda a sociedade, reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais, e seu total repúdio a quaisquer atos de violência, discriminação e racismo, intoleráveis e incompatíveis com a doutrina, missão e valores que a Instituição pratica e exige de seus profissionais em tempo integral.
Roteiro: Luís Felipe dos Santos
Edição: Matheus Leite
Imagens: arquivo pessoal, Tiago Boff, Jefferson Botega e Isadora Neumann
Entrevista em áudio: Tiago Boff, Daniel Scola e Rosane de Oliveira