O presidente do grupo Carrefour no Brasil, Noel Prioux, apresentou um novo comunicado da companhia exibido em horário nobre na TV aberta, na noite deste sábado (21). Após a morte de João Alberto Freitas em um supermercado de Porto Alegre, o empresário falou abertamente sobre a situação e ponderou que a rede irá criar iniciativas exclusivas voltadas para combater o racismo estrutural.
— O que aconteceu na loja do Carrefour foi uma tragédia de dimensões incalculáveis, cuja extensão está além da minha compreensão como homem branco e privilegiado que sou. Então, antes de tudo, meus sentimentos à família de João Alberto e meu pedido de desculpas aos nossos clientes, à sociedade e aos nossos colaboradores — começou Prioux.
João Senise, vice-presidente de recursos humanos do Carrefour Brasil, dividiu o pronunciamento com o presidente e frisou dados internos da companhia.
— O que aconteceu em nossas lojas não representa quem somos e nem os nossos valores. Cinquenta e sete por cento dos nossos colaboradores são negros e negras, e mais de um terço dos gestores se autodeclaram pretos ou pardos. Mas estamos conscientes que precisamos de mais ações concretas e efetivas para o fortalecimento da nossa cultura de diversidade — disse Senise.
A seguir, Prioux voltou a pedir desculpas pelo ocorrido e que o caso promoverá mudanças nas lojas.
— Reforço meu compromisso com todas as famílias brasileiras. Se uma crise como essa está acontecendo conosco, é porque temos a responsabilidade de mudar isso na sociedade. A morte de João Alberto não pode passar em vão. E é por isso que assumimos hoje o compromisso de ajudar a combater o racismo estrutural. Comunicaremos nos próximos dias todas as nossas iniciativas e o comitê dedicado exclusivamente a esta causa. Mais uma vez, minhas sinceras desculpas — finalizou Prioux.
Anteriormente, ainda na sexta-feira (20), o CEO global da rede de supermercados publicou mensagens em seu perfil no Twitter afirmando que "revisão completa no treinamento" após assassinato dentro de supermercado.
Veja o novo comunicado
O caso
João Alberto Silveira Freitas morreu após ter sido espancado na porta do supermercado Carrefour no bairro Passo D'Areia. O fato ocorreu na noite desta quinta-feira (19).
De acordo com informações preliminares, o crime foi precedido por uma discussão dentro do estabelecimento com uma funcionária, um segurança de uma empresa terceirizada e um PM temporário. Os dois homens, identificados como Magno Braz Borges e Giovane Gaspar da Silva, foram detidos e presos em flagrante por homicídio qualificado.
Na sexta e neste sábado, dezenas de protestos foram registrados em todo o país contra o crime, exigindo respeito à população negra e pedindo boicote ao Carrefour. Na Capital, a manifestação em frente ao supermercado durante o dia foi pacífica e, por volta das 19h, um grupo pequeno de manifestantes rompeu o portão, invadiu o estacionamento do hipermercado e deflagrou um confronto com a Brigada Militar (BM). Pelo menos três pessoas ficaram feridas.