Após meio ano investigando uma execução considerada bárbara e por motivo fútil, agentes da 1ª Delegacia de Homicídios de Porto Alegre afirmam ter chegado aos autores do assassinato, ocorrido em 7 de maio no bairro Belém Velho, na Zona Sul. Uma operação foi realizada na manhã desta quarta-feira (18) para prender os suspeitos.
Segundo a polícia, um usuário de transporte por aplicativo foi torturado, teve as mãos amarradas e foi executado a tiros porque o motorista, que acionou dois comparsas, ficou incomodado pelo fato de que o passageiro não tinha dinheiro suficiente para o pagamento de R$ 50 pela corrida. O condutor e um comparsa foram detidos, mas o terceiro envolvido não foi localizado e é considerado foragido.
O crime ocorreu na Rua Luciano dos Santos Rodrigues. A vítima foi identificada como Eduardo Burigo de Souza, 29 anos, sem antecedentes criminais e funcionário de uma loja de eletrodomésticos na Capital.
A polícia ouviu testemunhas, inclusive o motorista de aplicativo que foi preso nesta quarta, e obteve uma série de imagens de câmeras de segurança para montar o trajeto feito pelos criminosos. Segundo o delegado Eibert Moreira, da Divisão do Departamento de Homicídios, também foram obtidas outras provas que confirmam a participação dos investigados — e que foram apresentadas à Justiça para obtenção dos três mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão. A investigação foi coordenada pelo delegado Guilherme Gerhardt, titular da 1ª Delegacia de Homicídios.
Investigação
Conforme Moreira, por meio dos depoimentos e da análise de imagens de câmeras de segurança em ruas, em um posto de combustível e um supermercado, todos no bairro Belém Velho, é possível afirmar que o fato envolveu dois carros. Um deles é um Fiesta vermelho, do motorista de aplicativo, e o segundo é dos dois comparsas, acionados pelo condutor.
Em uma das imagens, em um supermercado, o passageiro é visto na fila de um caixa eletrônico tentando sacar o dinheiro da dívida. No estacionamento, o suspeito aparece ao telefone, demonstrando inquietação com a situação, já que entra algumas vezes no estabelecimento comercial para verificar se o passageiro não havia saído do local ou para conferir o motivo da demora.
Logo na sequência, a vítima sai do local e conversa com o motorista. Enquanto o passageiro aguarda por alguns minutos no estacionamento, o suspeito sai a pé e — conforme a polícia apurou em depoimentos e em imagens — foi conversar com os comparsas no segundo carro. Ao voltar para o veículo, ele e o passageiro embarcam.
Os dois foram seguidos pelo outro automóvel e, depois disso, conforme a apuração, ocorrem os crimes de tortura e o homicídio. Moreira diz que os investigados escolheram uma rua com pouco movimento e poucas residências.
Operação
A chamada Operação Taxi Driver foi deflagrada nesta quarta-feira na zona sul de Porto Alegre e contou com a participação de 20 policiais. Os dois detidos e o foragido — com prisão preventiva decretada — têm antecedentes por lesão corporal.
— Apesar de não terem antecedentes mais graves, o fato de já terem passagem policial por lesão corporal demonstra a agressividade dos suspeitos. Foi um crime grave, com requintes de crueldade e ocorreu apenas porque a vítima não tinha, no momento, os R$ 50 para pagar a corrida — ressalta Moreira.
Os nomes dos investigados não foram divulgados devido à Lei de Abuso de Autoridade.