A Polícia Civil investiga um padre da Diocese de Novo Hamburgo,no Vale do Sinos, por pedofilia. O religioso, cuja paróquia não foi revelada para não prejudicar as investigações e não identificar a vítima, teria trocado fotos e mensagens de cunho sexual com uma garota de 15 anos.
Cópia das mensagens pelo aplicativo WhatsApp foi fornecida por familiares da vítima ao jornal NH, de Novo Hamburgo, que encaminhou o caso à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) daquele município.
Nas mensagens o padre pede para a adolescente se exibir e mandar fotos. Em entrevista, o religioso admitiu ter trocado fotos e conversado, mas garante que imaginou que ela fosse maior de idade.
O padre também registrou ocorrência como vítima de chantagem. Ele alega ter recebido ameaças de um suposto familiar da adolescente, que exigiu R$ 22,8 mil para não espalhar nas redes sociais as conversas entre o religioso e a garota. Seria uma versão do “golpe dos nudes”, no qual estelionatários se fazem passar por mulheres, trocam imagens eróticas ou pornográficas com o alvo e depois ameaçam revelá-las, caso não recebam dinheiro.
A partir da cópia das mensagens trocadas, a delegada Raquel Peixoto, da Deam da Polícia Civil, trabalha com a hipótese de indiciar o padre pelo artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê pena de um a quatro anos de prisão para quem “Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente”. A maior dificuldade na investigação é que a família da vítima não formalizou queixa.
— É estranho. Nunca vi um caso em que a família não nos procurasse. Mas as mensagens indicam que o fato ocorreu — diz a delegada Raquel.
Já a Diocese de Novo Hamburgo decidiu afastar o religioso do cargo. Conforme nota do bispo Dom Zeno Hastenteufel à imprensa, “..diante de mais elementos revelando conduta vergonhosa do padre, não condizente com o regimento da Igreja de Cristo, contrariando a zelosa defesa dos princípios da moralidade pregada, sobretudo através do exemplo dos religiosos, referido sacerdote não poderia passar impune. Por isso foram emitidas, por meio de decreto, sanções canônicas punitivas, a exemplo da suspensão temporária liminar."