Os cinco homens investigados pelo envolvimento na morte de Paula Chaiane Perin Portes, 18 anos, na madrugada de 11 de junho em Soledade, no norte do Estado, foram denunciados pelo Ministério Público (MP). Quatro são acusados de homicídio sextuplamente qualificado, ocultação de cadáver e organização criminosa. O nome dos denunciados não foi divulgado mas GZH apurou que trata-se de Dionatan Portela da Silva, João Albino Abegg dos Santos e Gesriel da Cunha Wedy — que estão presos — e Micael Wilian Rossi Ortiz que está foragido desde 22 de junho.
Um quinto envolvido, Henrique Marder, é acusado de ocultação de cadáver e organização criminosa e está em liberdade. A polícia apreendeu com ele um Fiesta branco que teria sido usado na segunda movimentação do corpo.
O promotor de Justiça Bill Jerônimo Scherer entendeu que as seis qualificadoras do homicídio são motivo torpe, asfixia, traição, dissimulação, recurso que dificultou a defesa da vítima e assegurar a ocultação e a impunidade de outros crimes
A denúncia aponta que Paula foi morta por desejo de vingança de Dionatan pela jovem ter presenciado cenas de agressão praticadas por ele contra sua ex-companheira e uma das melhores amigas de Paula em Soledade.
A jovem, que havia completado 18 anos em 17 de maio, estava morando com o pai em Soledade há um mês quando foi assassinada. Dionatan também temia que Paula revelasse seu envolvimento com o crime organizado, com o tráfico de drogas e com cargas ilegais de cigarros.
Desde a fase do inquérito policial, Dionatan é considerado o mandante do crime por saber que Paula tinha informações que poderiam incriminá-lo. Micael Ortiz foi usado para fazer contato prévio via redes sociais para atrair a jovem até o local do crime sob pretexto de uma confraternização. No local do encontro, um imóvel localizado no bairro Fontes, em Soledade, a jovem foi asfixia com golpe de mata-leão, segundo a investigação.
Em seguida, Paula foi carregada até um veículo estacionado por um dos acusados em frente ao local e levada até uma propriedade rural pertencente à família de outro dos denunciados, onde o corpo foi ocultado. Para esconder o cadáver, cobriram a terra revolvida com galhos e plantas.
A denúncia diz que "algum tempo depois da ocultação, após perceberem a enorme comoção gerada na comunidade pela morte brutal da jovem Paula e temendo que as autoridades policiais obtivessem informações a respeito do paradeiro do corpo ocultado, dois dos denunciados retiraram o cadáver do local inicial e o moveram até outra propriedade rural, na localidade Rincão do Bugre".
O cadáver foi encontrado em 17 de agosto, escondido em local de difícil acesso e no meio de uma mata fechada, mais de dois meses depois do homicídio. Duas semanas antes de o corpo ser localizado, a bolsa da jovem foi encontrada dentro de um açude, às margens da RS-332. Dentro do acessório estavam documentos, carregador de celular, maquiagem e duas pedras. O smartphone da jovem nunca foi encontrado.
— A denúncia está de acordo com o que esperávamos. O homicídio está bem caracterizado. A mãe da Paula está bem aliviada, mas ainda está muito emotiva e não se conforma com o que aconteceu com a filha — afirma a advogada Salete Canello, representante de Marisete Perin, 48 anos.
Os denunciados
Homicídio sextuplamente qualificado, ocultação de cadáver e organização criminosa
Dionatan Portela da Silva
Está preso. Desde o inquérito policial é considerado o mandante do crime e líder do tráfico de drogas em Soledade. É ex-marido de uma das amigas de Paula. GZH fez contato com a defesa e aguarda retorno.
Micael Wilian Rossi Ortiz
Está foragido desde 22 junho. Segundo a investigação, atraiu Paula para o local do crime. GZH fez contato com a defesa e aguarda retorno.
João Albino Abegg dos Santos
Está preso. O advogado Ricardo Lacerda se manifestou por meio de nota: "a denúncia, ao que se sabe pela consulta processual através do site do TJRS, ainda não foi recebida pelo juízo, o que significa dizer que os termos acusatórios ainda não foram admitidos pelo poder judiciário. Ademais, a defesa ainda não teve acesso à denúncia, o que somente ocorrerá com a citação do agora acusado. De toda sorte, tem-se convicção que a denúncia, oferecida após mais de quatro meses do início do inquérito policial, não trará provas de que o acusado tenha de alguma maneira participado dos fatos agora submetidos à análise do poder judiciário."
Gesriel da Cunha Wedy
Está preso. A advogada Sabrina Silveira da Rosa afirma que "a defesa ainda não teve aceso a denúncia, então é prematura qualquer manifestação acerca da denúncia."
Ocultação de cadáver e organização criminosa
Henrique Marder
Carro foi apreendido em 27 de agosto pela polícia. Veículo teria sido usado no deslocamento do corpo de Paula do primeiro para o segundo esconderijo. A reportagem tenta contato com seu advogado. Em depoimento, permaneceu em silêncio. Não teve pedido de prisão feito pela polícia.