Desaparecida desde a última quarta-feira (10), Paula Schaiane Perin Portes, 18 anos, não foi mais vista após sair da casa de amigos em Soledade, no Norte do Estado, e supostamente se deslocar até a residência de um conhecido. À frente do caso, o delegado Márcio Marodin não descarta nenhuma possibilidade, mas considera pouco provável que Paula tenha sumido de forma voluntária.
Na noite em que desapareceu, a jovem foi na casa de amigos para jantar e jogar cartas. Enquanto estava lá, no entanto, teria recebido uma mensagem de um rapaz, com quem havia saído em outra oportunidade, para que fosse até a casa dele, o que ela fez a seguir. O jovem teria dito que ela saiu logo depois em um carro diferente do qual havia chegado. O delegado trabalha para comprovar ou não o álibi apresentado pelo jovem:
— Neste momento estamos verificando se ela saiu ou não da casa dele. Estamos tentando traçar uma linha sobre o fato. Não temos nem a confirmação de uma eventual morte. Não excluímos nenhuma linha de investigação, como sequestro ou feminicídio, mas, neste momento, fica difícil adiantar alguma coisa. Parece um caso bem grave. Tudo vai depender de como o trabalho vai avançar.
O delegado afirma que Paula não tinha antecedentes criminais.
"Estou sem chão"
Paula completou 18 anos em 7 de maio. A jovem estava morando na cidade com o pai há cerca de um mês. Até então, vivia com a mãe, o irmão, de 23 anos, e o padrasto em Fontoura Xavier. Ao completar a maioridade, ganhou da mãe roupas, perfumes e um celular novo. Está concluindo o Ensino Médio pela Educação de Jovens e Adultos (EJA) e sonha ser veterinária. Apaixonada por bichos, a jovem gosta de juntar animais da rua para cuidar em casa. Nas palavras da mãe, a doméstica Marisete Perin, 49 anos, a filha é uma menina querida, amada por todos, determinada e, às vezes, teimosa:
Ela é uma pessoa que não esconde nada de ninguém. Se ela tivesse saído com alguém e sumido este tempo todo, ela teria nos tranquilizado. Ela detestava que alguém saísse sem dizer nada para ela. Ela não sumiu por contra própria. Estava feliz aqui em Soledade e, se tinha algum problema, não transparecia para nós. Se ela estivesse bem, já teria mandado mensagem.
THAÍS CORREA DE OLIVEIRA
Amiga de Paula
— Ela tem uma rebeldia normal da idade. Gostava muito de sair com as amigas, era difícil mantê-la em casa. É uma menina que tinha tudo do bom e do melhor, o pai sempre pagou pensão, ela vivia bem, com muito conforto.
Vaidosa, gosta de se fotografar e de publicar fotos suas nas redes sociais. Desde o dia 10, não fez nenhum novo post. Pouco antes da pandemia de coronavírus iniciar, havia começado a trabalhar em uma fábrica de calçados, mas acabou sendo demitida devido à crise. Segundo a família, está solteira há cinco meses. No último relacionamento, chegou a viver com o ex-namorado por um ano e meio.
— Não sei mais o que fazer, estou sem chão. É muito ruim. Faz três dias que não como e não durmo. Eu jamais imaginei passar por isso, só quero ela de volta para mim de novo. A vida inteira ela foi minha companheira, amorosa, amada por todos. Não recebemos nenhuma pista dela, nada. Só quero ela de volta — desabafa a mãe.
Ligação do celular da desaparecida
A amiga Thaís Correa de Oliveira, 23 anos, que estava com Paula durante a janta na noite de quarta-feira, tem convicção de que a jovem não desapareceu por contra própria. No encontro estavam Paula, Thaís e mais um casal de amigos. Ela conta que era comum o grupo se reunir para conversar e jogar carta, na falta de festas devido ao distanciamento social:
— Ela é uma pessoa que não esconde nada de ninguém. Se ela tivesse saído com alguém e sumido este tempo todo, ela teria nos tranquilizado. Ela detestava que alguém saísse sem dizer nada para ela. Ela não sumiu por contra própria. Estava feliz aqui em Soledade e, se tinha algum problema, não transparecia para nós. Se ela estivesse bem, já teria mandado mensagem. Estamos correndo, indo na delegacia, procuramos ela por tudo. Estou muito nervosa.
Na sexta-feira (12), Marisete afirma que houve uma ligação do celular de Paula para o telefone do irmão. Tocou, ele atendeu, ninguém respondeu e desligou. Quando o jovem retornou, caiu na caixa de mensagem. A polícia não sabe o paradeiro do aparelho de Paula. Denúncias devem ser feitas ao telefone 197, da Polícia Civil, ou ao número (54) 3381-9250.