
A 2ª Auditoria Militar decidiu que a conclusão da investigação da ação envolvendo o turista angolano Gilberto Casta Almeida e a costureira Dorildes Laurindo, que morreu, passe por análise da Vara do Júri de Gravataí. Será verificado se os policiais militares que atiraram serão julgados pelo Tribunal do Júri, por crime doloso contra a vida, ou pela Justiça Militar, por crime culposo.
Gilberto e Dorildes foram baleados por PMs em 17 de maio, quando retornavam de uma viagem ao Litoral em um carro do aplicativo BlablaCar. O motorista, Luiz Carlos Pail Junior, era foragido da Justiça e tentou escapar da perseguição policial, que começou em Cachoeirinha e terminou em Gravataí.
Depois que o carro parou, os PMs atiraram 35 vezes. Os disparos deixaram Gilberto e Dorildes feridos. A costureira morreu depois de 16 dias de internação.
Gilberto ficou preso por 12 dias. Só foi solto porque o inquérito da Polícia Civil de Gravataí apurou que ele não havia atirado contra a viatura, como haviam afirmado os policiais. Luiz Carlos também nega que tenha feito disparo contra os PMs.
A Corregedoria-Geral da Brigada Militar concluiu o Inquérito Policial Militar (IPM) com o entendimento de que os três policiais envolvidos na ação agiram em legítima defesa, mas com excesso culposo. Eles foram indiciados por crime militar culposo e ainda serão julgados pelo Conselho de Disciplina da BM, com base em processo administrativo disciplinar.
Os três seguirão afastados das funções até a conclusão do procedimento.
A promotora da 2ª Auditoria Militar, Isabel Guarise Barrios, fez o pedido de declinação de competência do caso para o Tribunal do Júri por se tratar de uma ação policial com morte, ou seja, situação que pode ser enquadrada como homicídio doloso.
A partir de agora, o promotor Fernando Bittencourt, da 1ª Promotoria de Justiça Criminal, vai estudar o caso levando em conta as conclusões da BM e o que foi apurado no inquérito da Delegacia de Homicídios de Gravataí. Com o parecer dele, a juíza Valéria Eugênia Wilhelms, titular da Vara do Júri, decidirá se ação dos PMs se enquadra como homicídio doloso ou não.