Uma semana depois de criar uma força-tarefa para localizar Paula Perin Portes, 18 anos, a Polícia Civil faz nesta terça-feira (4) uma nova tentativa de encontrar o corpo da jovem. Com agentes, mergulhadores, bombeiros e cães farejadores, o trabalho está concentrado em uma localidade no limite dos municípios de Soledade e Espumoso, no norte do Estado. A primeira parte das diligências foi encerrada no final da manhã sem localizar o corpo. À tarde, o foco será encontrar a bolsa e outros pertences da jovem.
A investigação teria indicado que a localidade de Margem São Bento como ponto onde estaria o corpo de Paula. As buscas pelo corpo foram focadas em um matagal e em um lago.
Desde a última semana, seis policiais civis trabalham com dedicação exclusiva ao caso. A investigação ganhou reforço de quatro agentes especializados em desaparecimento e homicídio e trocou de coordenação: passou a ser comandada pela delegada Fabiane Bittencourt.
— Até o momento nada. Mas não vamos desistir. Seguimos buscando e investigando. A segunda diligência do dia será a busca de pertences e objetos pessoais. Agora finalizamos a busca do corpo. Chegamos a esse local por meio da nossa investigação. Enquanto o corpo não for localizado, vamos seguir na busca. Temos buscado diariamente informações. Realizado diligências e ouvindo pessoas. Tem muita coisa sendo produzida. Estamos produzindo muitas provas — disse a delegada no final da manhã.
Enquanto o corpo não for localizado, vamos seguir na busca por informações. Nenhum dos suspeitos deu qualquer elemento pra fins de investigação. Localizar um corpo não é algo fácil sem ajuda de quem efetivamente o escondeu. Essa é a dificuldade. Eles negam autoria mas temos provas que os suspeitos estavam na cena do crime.
FABIANE BITTENCOURT
Delegada de Soledade
A delegada aponta que o inquérito está avançado e que já tem elementos para indiciar os suspeitos. A polícia trata o caso como homicídio qualificado e ocultação de cadáver. De acordo com Fabiane, o maior desafio é a falta de colaboração dos suspeitos de envolvimento no desaparecimento de Paula:
— Nenhum dos suspeitos deu qualquer elemento pra fins de investigação. Localizar um corpo não é algo fácil sem ajuda de quem efetivamente o escondeu. Essa é a dificuldade. Eles negam autoria mas temos provas que os suspeitos estavam na cena do crime. Mesmo sem corpo conseguimos construir a materialidade do crime por meio de outras provas.
Os pais de Paula, junto com advogados, acompanharam as buscas pela manhã:
— Não tenho como explicar a dor que estou sentindo. É muito triste. É um pedaço de mim que tiraram. Só quero justiça. Eles tiraram ela de mim — afirma a mãe Marisete Perin.
Paula desapareceu na madrugada do dia 11 de junho após ir a uma casa onde encontraria Micael Willian Rossi Ortiz, 22 anos. Antes, ela estava em um jantar com amigos jogando cartas. Paula teria chegado no imóvel onde estava Ortiz às 23h40min do dia 10 e saído, carregada, à 1h30min do dia 11.
Ortiz está foragido desde 16 de junho e a sua localização é considerada determinante pelos investigadores para se chegar ao paradeiro de Paula. Buscas pelo jovem com quem a vítima marcou encontro já foram feitas em Caxias do Sul, Marau, Victor Graeff, Pouso Novo e Soledade.
A investigação teve acesso a câmeras de segurança que indicam que duas pessoas estavam na casa quando Paula chegou: o dono do imóvel e Ortiz, com quem a jovem havia combinado de se encontrar. Depois, segundo a polícia, mais três homens chegam na residência e ficam apenas 40 minutos. Até aqui, o inquérito considera que no local estavam cinco homens, além de Paula. Quatro deles teriam saído com a jovem carregada. Além de Micael, que está foragido desde 16 junho, dois estão presos e um quarto está em prisão domiciliar.
Natural de Encantado, no Vale do Taquari, Paula completou 18 anos em 7 de maio em Fontoura Xavier, onde vivia com a mãe, o padrasto e o irmão de 23 anos. Um mês antes de desaparecer, ela passou a morar com o pai em Soledade.
Contraponto
Responsável pela defesa de Ortiz, o advogado Manoel Pedro Castanheira afirma que não sabe qual o paradeiro do cliente. "Com relação ao fato, não posso afirmar se ele tem ou não envolvimento pois não tivemos contato com ele. Só ele, quando se apresentar, poderá prestar essa informação. Até porque no vídeo não há nenhuma informação do que ocorreu no interior da casa."