A busca por respostas sobre o paradeiro de Paula Schaiane Perin Portes, 18 anos, completa 20 dias nesta quarta-feira (1º). À frente da investigação, o delegado Marcio Marodin considera que a peça-chave é Micael Willian Rossi Ortiz, 22 anos, que está foragido e com prisão temporária decretada. Ortiz é o jovem que Paula foi encontrar na madrugada de 11 de junho e desde então não foi mais vista.
— Ele é a pessoa que sabe o paradeiro da Paula. Prendendo ele, achamos a Paula. Esperamos esclarecer todo o caso ao achá-lo — afirma o delegado.
Paula desapareceu na madrugada do dia 11 de junho após ir a uma casa onde encontraria Ortiz em Soledade, no norte do RS. Antes disso, Paula estava em um jantar com amigos jogando cartas. As buscas estão focadas no interior dos municípios de Soledade e de Fontoura Xavier. Até o momento, a polícia não tem pistas da localização da jovem. Os investigadores já fizeram buscas por Ortiz em Caxias do Sul, Marau, Vitor Graef, Pouso Novo e Soledade. Ortiz, segundo a polícia, vinha conversando com Paula por redes sociais. Na noite em que a jovem desapareceu, conforme Marodin, foi a primeira vez que se encontraram pessoalmente.
Paula teria chegado no imóvel às 23h40min do dia 10 e saído, carregada, à 1h30min do dia 11. Câmeras indicam que duas pessoas estavam na casa quando Paula chegou: o dono do imóvel, já preso, e Ortiz, com quem a jovem havia combinado de se encontrar. Depois, segundo o delegado, mais três homens chegam na residência e ficam apenas 40 minutos.
— Tinham cinco pessoas mais a Paula. Depois saem quatro homens mais a Paula. Um fica na casa. Depois que saíram, testemunhas encontraram o foragido em outro ponto da cidade — diz Marodin.
No decorrer da investigação, a polícia obteve imagens de câmeras que mostram Paula sendo carregada, aparentemente inconsciente, de dentro da casa onde estava o rapaz para o interior de um veículo. Três suspeitos foram presos até o momento. O celular de Paula e o veículo que fez o transporte ainda não foram localizados.
— A maior complexidade do caso é a falta de colaboração dos suspeitos já presos. E o principal deles ainda está foragido — diz o delegado.
O diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), delegado Joerberth Nunes, chegou a enviar reforços da Capital para Soledade para auxiliarem no caso. O delegado de Homicídios Cassiano Cabral, que atua em Porto Alegre, chegou a ir duas vezes à cidade para reforçar a investigação.
Natural de Encantado, no Vale do Taquari, Paula foi criada em Fontoura Xavier e há um mês morava com o pai, Paulo Ferreira Portes, 53 anos, em Soledade. Portes e a mãe de Paula, a doméstica Marisete Perin, 49 anos, se separaram quando a menina era bebê. O advogado Alisson da Silva Doneda, de Passo Fundo, representa o pai da jovem no caso e está acompanhando as investigações. Na madruga em que Paula desapareceu, o pai tentou contatá-la diversas vezes.
A maior complexidade do caso é a falta de colaboração dos suspeitos já presos. E o principal deles ainda está foragido
MARCIO MARODIN
Delegado
— Todas as vezes que a Paula saia, ela dizia onde ia. Neste um mês em que estava em Soledade, informava com quem ia, onde ia. Passava um tempo e o pai entrava em contato com ela. Ela também dizia como e com quem ia voltar. Era uma filha que prestava informações para o pai. Não era uma filha que sumia. Não tem histórico de sair sem que ninguém soubesse por onde ela andava — afirma Doneda.
Pouco mais de um mês antes de desaparecer, em 7 de maio, completou 18 anos. De aniversário, ganhou da mãe roupas, perfumes e um celular novo. Cada vez mais fragilizada com a situação, Marisete tem recebido apoio psicológico a distância de uma ONG paulista que apoia mães de pessoas desaparecidas.
— Onde está a Paula? Onde está o menino foragido? Qual a motivação para o desaparecimento dela? São os questionamentos que a sociedade inteira faz. São respostas que precisamos ter. Se alguém souber qualquer informação, precisamos que procure a polícia — afirma a advogada Salete Canello, que representa a mãe no caso.
A amiga Thaís Correa de Oliveira, 23 anos, estava no jantar na noite de quarta-feira, 10 de junho, e conta que tenta reunir qualquer informação que possa levar a localização de Paula. Segundo Thaís, Paula estava feliz em Soledade e não desapareceria por contra própria, sem avisar familiares e amigos. Nas palavras da amiga, não escondia nada de ninguém.
— Não vou parar até ter a resposta da localização dela. Ainda tenho esperança de que ela esteja viva. Mas, cada dia que passa, tudo fica mais difícil. A gente nem sabe mais onde procurar, não sabe mais onde ir.
Denuncie
Denúncias devem ser feitas ao telefone 197, da Polícia Civil, ou ao número (54) 3381-9250.