Em coletiva na manhã desta quarta-feira (1), a Polícia Civil deu mais detalhes sobre o assassinato de Irene da Fonseca, 67 anos, e de sua neta Kauana Santos, 16 anos, no interior de São Marcos, na Serra.
Leandro Daniel Hoffmann, 31 anos, preso no final da tarde de terça-feira (30), confessou o crime. Ele contou que escondeu o corpo da adolescente em um riacho da propriedade de Linha Marechal. Depois, ateou fogo à casa da família, carbonizando o corpo da idosa. Hoffmann fugiu a pé até Vila Oliva, no interior de Caxias do Sul, onde foi detido.
Foi só com o relato do assassino confesso que foi possível localizar o corpo de Kauana. Para a polícia, ele contou que, naquele dia, bebeu, brigou com a esposa e a expulsou de casa com os filhos do casal.
— Ele disse que ingeriu bastante bebida alcoólica. A versão dele é de que já havia um atrito com o vizinho (pai de Kauana), algo sobre ter "olhado torto". Por isso, foi tirar satisfações. Mas nunca houve uma desavença entre eles. Tanto que o pai não relatou nada no seu depoimento — aponta o delegado Edinei Márcio Albarello, informando que ambas as famílias moravam há menos de dois meses na propriedade rural.
Segundo relatado à polícia, Hoffmann invadiu a casa vizinha com uma carabina de pressão adaptada para o calibre 22. O pai de Kauana não estava na residência, apenas a avó com os dois netos. Irene tentou proteger as crianças e discutiu com o homem. A idosa foi atingida por um tiro no pescoço.
Kauana tentou socorrer a avó, mas também foi alvejada. Ela chegou a fugir da casa, mas foi novamente baleada. O irmão da adolescente conseguiu escapar e se esconder. Hoffmann ainda contou aos policiais que arrastou o corpo da adolescente e escondeu em um riacho, cerca de 200 metros mata adentro. Depois, voltou e ateou fogo ao sofá da família.
— Ele enterrou o corpo em uma poça de água e colocou pedras para esconder. Com as chuvas, o riacho encheu. Seria muito difícil encontrar o corpo sem que ele indicasse o local — comenta o delegado.
"Alta periculosidade"
Hoffmann trabalhava em áreas rurais e viajava em épocas e colheita. Esse conhecimento foi usado na fuga: ele caminhou dezenas de quilômetros até o distrito de Vila Oliva, no interior de Caxias do Sul, onde pediu abrigo na casa de um conhecido. Foi nesta propriedade, 96 horas após o crime, que foi capturado pela Polícia Civil em São Marcos.
— É um sujeito de alta periculosidade. Tanto que resistiu à prisão, sendo necessário o uso moderado da força pelos policiais. Os relatos das testemunhas é de que ele ficava ainda mais violento quando consumia bebida alcoólica. Tinha surtos — aponta o delegado regional Paulo Rosa, que acompanhou as investigações e participou da coletiva.
O assassino confesso, que já era procurado no interior do Paraná pela morte de dois irmãos em 2015, deve ser indiciado por duplo homicídio qualificado, ocultação de cadáver e incêndio criminoso. A Polícia Civil também aguarda perícias para determinar se o investigado estuprou a adolescente. Hoffmann nega crime sexual.