O motoboy Jorge Correia da Silva, 59 anos, ainda tenta entender o que aconteceu com o filho Bruno Michaelsen da Silva, 15 anos, encontrado morto na tarde deste domingo (19) na localidade de Pinheirinhos, na área rural de Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte.
Segundo a Polícia Civil, o adolescente foi executado com 120 tiros de três armas com calibres diferentes. Bruno saiu de casa, em Gramado, na Serra, por volta da 1h de domingo. O pai ainda estava acordado e perguntou para onde o menino ia, mas não teve resposta.
— Era comum ele ir dormir na casa de um amigo. A gente sempre dava conselhos para não se envolver com drogas, perguntava com quem estava se relacionando. A ficha ainda não caiu — lamenta Jorge, que enterrou o filho às 10h desta segunda-feira (20), no Cemitério Municipal de Canela.
Bruno morava com o pai e a mãe no bairro Jardim. O menino estava atrasado nos estudos e, por isso, frequentava o equivalente ao 6º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Mosés Bezzi através da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Segundo a direção da instituição, ele foi matriculado no início da ano. Em razão da pandemia, frequentou apenas três semanas de aulas no turno da noite.
Segundo Jorge, o filho desejava completar 18 anos e se alistar no Exército. Além disso, tinha habilidade com as mãos, ao desenhar quadros de pessoas e paisagens.
— Era um talento que ele tinha, desenhos sempre muito bonitos. Todo mundo elogiava o trabalho, pena que parou por aqui.
A Polícia Civil de Santo Antônio da Patrulha trabalha com a hipótese de execução. Conforme o delegado Valdernei Tonete, somente a investigação policial vai esclarecer o que aconteceu e identificar possíveis autores do crime. Os 120 tiros atingiram várias partes do corpo, inclusive o rosto.
— Tudo para dificultar a identificação da vítima. Vamos contar com apoio da delegacia de Gramado, cidade onde ele morava, para tentar entender o fato —diz o delegado.
O corpo do adolescente foi identificado pelo pai, que acredita no envolvimento de facções criminosas na morte do garoto.
— O rosto dele sumiu, cortaram os dedos. Uma brutalidade sem tamanho. Acho que é um dos crimes mais bárbaros que Gramado já viu — descreve o pai.