A Delegacia Regional de Pelotas, no sul do RS, vai investigar o que aconteceu durante uma operação policial realizada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) do município em Campo Bom. A ação, realizada nesta terça-feira (2), cumpria mandados de busca e apreensão envolvendo uma investigação contra o tráfico de drogas.
Uma das ordens judiciais foi cumprida na casa de uma advogada no bairro Bela Vista, em Campo Bom. No entanto, a dona da residência afirma que houve um erro da polícia e registrou ocorrência contra os agentes pela hostilidade enfrentada por ela e pela família. A advogada solicitou auxílio da seccional do Rio Grande do Sul da Ordem dos Advogados do Brasil, que irá apresentar um ofício à Secretaria de Segurança Pública pedindo esclarecimentos.
Segundo a OAB/RS, imagens das câmeras de segurança indicam os policiais chegando, arrebentando o portão e entrando com armas em punho. O presidente da Ordem no Estado, Ricardo Breier, assistiu ao vídeo e afirma que houve abuso de poder por parte dos agentes, que inclusive algemaram um dos familiares da moradora.
— A ordem judicial determinava que os policiais deveriam se apresentar para o efetuar o mandado. Os policiais afirmavam já dentro da casa que bateram antes de entrar, mas o vídeo desmente isso. Eles entraram já chutando a porta — revela o presidente Ricardo Breier.
Ainda de acordo com o relato da advogada, que é reconhecida em Campo Bom por ser engajada na segurança local, o mandado foi expedido com base em uma localização por satélite de um aparelho celular onde constaria o endereço de um suposto traficante. Após permanecerem na residência por cerca de duas horas, nada foi encontrado.
O delegado Márcio Steffens, responsável pela Delegacia Regional, planeja ouvir ainda nesta semana a advogada e também os policiais que participaram da operação.
— Vamos apurar tudo que aconteceu durante o cumprimento do mandado. Se o juiz entendeu que era possível a concessão do mandado é porque havia algum fundamento no que foi apresentado pelo delegado. Até o momento, não tem nada que demonstre uma ilegalidade, mas tudo vai ser investigado — afirmou o delegado.