
A chegada da covid-19 ao Brasil e o longo período de distanciamento social aumentou não só o número de pessoas em teletrabalho, mas também o de golpes virtuais. Como mostrou a reportagem de Giovani Grizotti, exibida no Fantástico da Rede Globo, neste domingo (14), mais de 18 milhões de ataques cibernéticos foram disparados no país, só envolvendo o tema coronavírus. Os números são da PSafe, que trabalha com aplicativos de segurança.
De acordo com a Kaspersky, especializada em cibersegurança, o Brasil é o segundo país com mais ataques diários, ficando atrás apenas da Rússia. Um dos trunfos dos criminosos é se utilizar do auxílio emergencial, distribuído pelo governo federal. São mais de 13 milhões de tentativas de golpe envolvendo este benefício.
No Rio Grande do Sul também há vítimas. Uma delas, no entanto, conseguiu escapar do dano. O aposentado Joneval de Carvalho recebeu uma mensagem no celular lhe oferecendo o auxílio.
— (A mensagem dizia) que o governo ia ampliar o benefício do governo até março de 2021. Eu me apavorei porque a ansiedade era tanta para receber esse dinheiro, vê que eram 200 reais. Imagina como ia ficar minha a situação do velho aqui — disse, ao confirmar que cortou a conversa e não respondeu mais aos criminosos quando percebeu a tentativa de golpe quando lhe pediram a senha do banco.
De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Fenabran) as tentativas de golpe virtual aumentaram em 70% desde o início da pandemia no Brasil. A Caixa Econômica Federal afirmou que monitora e atua para "bloquear e desativar serviços falsos" e de que aciona a Polícia Federal (PF) quando isso acontece. O Ministério da Cidadania também afirmou que, a qualquer indício destes crimes, aciona a PF.
Financiamento e prejuízo de R$ 744
Até mesmo a renegociação de dívidas passou a ser alvo de ataques pela internet. Desempregado durante a pandemia, um morador de Tramandaí, no Litoral Norte, teve prejuízo de R$ 744. Para solucionar as pendências de um financiamento de carro, a tentativa de ligar para o banco virou armadilha. A filha dele recebeu uma mensagem no celular quando fazia a ligação. Ao clicar, foi redirecionada para uma página parecida com a do Banco Santander, que "mandou" tal mensagem.
— Fui clicando o passo a passo. Até aparecer um WhatsApp. Eu cliquei e veio as opções. Se eu quisesse prorrogar ou adiantar a parcela, eu adiantaria a parcela com desconto. Eu adiantei a parcela. E não apareceu o pagamento até hoje. Aí eles me bloquearam — conta a filha.
O Santander informou que mantém uma agenda de orientações para evitar fraudes via aplicativos de mensagens e que a autenticidade de sites de instituições financeiras deve ser verificada pelos usuários.

Golpe do leilão falso
Em Porto Alegre, houve vítima com prejuízo ainda maior. Um engenheiro agrônomo, que não quis se identificar, perdeu R$ 38 mil com o golpe do leilão falso. Os criminosos usaram a logomarca da Caixa para obterem êxito.
— O site é perfeito, só que depois que eu senti o golpe, eu vi que tem várias coisas que estão erradas. Mas na hora, tu ficas cego. Porque tu estás comprando um bem que eles dizem que é recuperado de financiamento. É um bem praticamente novo, pela metade do preço —detalha a vítima que negociava com alguém que se passada por gerente do banco.
A Caixa diz que não conhece o site utilizado no golpe e de que está tomando as medidas cabíveis.
—O criminoso digital é muito criativo, e ele aproveita momentos de comoção, de curiosidade e até mesmo de pânico para tentar levar informações distorcidas às pessoas fazendo com que elas acessem esse conteúdo, infectem seu computador e sejam roubadas — avalia José Milagre, presidente do Instituto de Defesa do Cidadão na Internet.
Há casos também de páginas falsas de leilões. O Sindicato dos Leiloeiros do Rio Grande do Sul identificou mais de 300 destes sites aplicando fraudes nas regiões Sul e Sudeste.