A Polícia Civil divulgou nesta sexta-feira (19), durante apuração sobre lavagem de dinheiro de uma facção que tem base no Vale do Sinos, que os suspeitos investigados colocaram uma empresa avaliada em R$ 1,5 milhão no nome de um flanelinha. O grupo é o mesmo que teve parte denunciada pelo Ministério Público (MP) e que no mês passado foi alvo de uma operação policial que apreendeu bens avaliados em mais de R$ 16 milhões. Além disso, essa organização criminosa adquiriu uma fazenda em Mato Grosso que tem três vezes o tamanho de Porto Alegre.
O delegado Adriano Nonnenmacher, titular da Delegacia de Lavagem de Dinheiro do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), diz que o flanelinha era um ex-morador de rua cooptado pelos traficantes. Ele recebeu um valor em dinheiro, não divulgado até o momento, para dar o nome como dono de uma empresa do ramo comercial. O inquérito ainda está em andamento, por isso, muitas informações não podem ser repassadas.
Mesmo assim, a polícia informa que o flanelinha será apontado no procedimento e responsabilizado pelos delitos de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Nonnenmacher destaca que, assim como este laranja, outros foram usados para mais 12 empresas dos ramos de prestação de serviços e comércio em geral. Uma delas, inclusive, é uma rede de lojas. Os nomes também não estão sendo divulgados enquanto a apuração não for encerrada.
— São três níveis de lavagem de dinheiro, e essa facção chegou no último, o mais complexo. O primeiro é ocultar bens. A segunda etapa criminosa deste grupo foi fazer transações bancárias e a terceira, que é a fase em que está a investigação neste momento, foi misturar um grande número de patrimônios em nome de pessoas físicas e de pessoas jurídicas — explica Nonnenmacher.
Veículos de luxo e imóveis
Além das 13 empresas, os integrantes da facção lavaram dinheiro com 23 veículos, muitos deles de luxo, 29 imóveis, sem contar a fazenda avaliada em R$ 42 milhões, e em 41 contas bancárias. Em conjunto com a Delegacia de Lavagem de Dinheiro do Gabinete de Inteligência e Estatística (GIE) e o MP, o Denarc ainda segue analisando documentos e movimentações financeiras por pelo menos mais 40 dias. Uma parte da apuração já foi concluída, tendo 13 integrantes denunciados à Justiça nesta semana. Esta primeira etapa se refere a uma das duas células criminosas investigadas. Ambas foram alvo da operação policial deflagrada em 19 de maio. A segunda célula, que segue tendo os bens e atividades analisadas, é composta por mais 11 suspeitos.
No dia da operação, 10 integrantes dos dois grupos foram detidos. O restante dos envolvidos responde em liberdade. A chamada Operação Magna Ópera teve 300 ordens judiciais cumpridas no Estado e em Santa Catarina. A fazenda, que faz parte de outra investigação, foi apreendida judicialmente.