A Polícia Civil procura mais um advogado suspeito de envolvimento no esquema de uso de atestados médicos falsos para a soltura de presos por causa da pandemia de coronavírus. A investigação apurou que ele teve ligação com a soltura de um preso de Camaquã com base em documentação falsificada.
A primeira fase da Operação Avocat já havia prendido outro investigado no esquema, o advogado Leandro Horstmann. Nesta nova etapa, realizada na manhã desta quinta-feira (7), a 2ª Delegacia de Combate à Corrupção cumpriu buscas na casa e no escritório de outro advogado, que está com prisão preventiva decretada pela Justiça.
A polícia não revelou o nome do suspeito, mas GaúchaZH apurou se tratar de Ricardo Barbosa da Cunha. Investigado por crimes contra a fé pública e contra a administração da Justiça, ele é considerado foragido. A ação ocorreu em Porto Alegre.
Conforme o delegado Vinicios do Valle, que coordena a investigação, o suposto envolvimento deste segundo advogado já vinha sendo apurado:
– Obtivemos indícios da intensa participação dele na articulação para a soltura do preso com o atestado falsificação. Ele atuou em parceria com Horstmann.
GaúchaZH revelou em 2 de abril suspeitas de que advogados estariam usando atestados falsificados para soltar clientes com base no enquadramento de grupo de risco para coronavírus. A reportagem teve acesso a áudios que comprovariam a estratégia. Em uma mensagem que teria Horstmann como interlocutor, um homem comemora a soltura de um cliente com base em um "laudinho frio":
"O plantão acabou de mandar uma decisão aí, de um cliente lá de Camaquã, imagina, cidade do Interior, esse louco aí já responde um tráfico e, lá em Camaquã, tá respondendo por um duplo homicídio qualificado, e apresentamo um laudinho frio, frio, friozinho, lá do hospital (diz o nome, que GaúchaZH preserva por estar sob investigação), mas bem feitinho, de diabetes, que ele tinha diabetes, e cantou (deu certo)".
O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) montou uma força-tarefa para investigar casos suspeitos. O trabalho é conduzido pela Divisão de Combate à Corrupção.