Dados do Ministério da Justiça e da Segurança Pública confirmam a redução de crimes como homicídio, latrocínio — os assaltos que resultam em morte — e outros tipos de roubos no Rio Grande do Sul. Os indicadores divulgados na terça-feira (14) utilizam registros de 2019, em comparação com o mesmo período de 2018. Números do governo do Estado já haviam sinalizado queda nos crimes no RS. No cenário nacional, houve diminuição, com destaque para assassinatos e ataques às instituições financeiras.
No Estado, os homicídios apresentaram redução de 22,6% — com 573 vítimas a menos do que em 2018. Foram 1.954 pessoas assassinadas no RS em 2019, segundo o Ministério da Justiça, enquanto no ano anterior foram 2.527. Já havia sido registrada queda neste crime de 2017 para 2018.
Em relação às vítimas de assassinatos, os homens seguem como os principais alvos desse tipo de crime e representam quase 90% das vítimas. Foram 1.755 homens e 199 mulheres assassinados no ano passado, conforme o levantamento.
Roubos
Os assaltos que resultam em morte também apresentaram redução no Rio Grande do Sul, passando de 110 casos em 2018 para 81 em 2019 — diminuição de 26%. Da mesma forma, outros crimes que envolvem roubos, como ataques a cargas e instituições financeiras também apresentaram queda. Os roubos de veículos caíram 31%, embora ainda tenham sido registrados 10.950 crimes, ou seja, média de 30 por dia.
Para o comandante da Brigada Militar, coronel Rodrigo Mohr Picon, o programa RS Seguro — iniciativa lançada ano passado pelo governo estadual para tentar reduzir a criminalidade — é um dos principais fatores para alcançar a diminuição. Uma das estratégias é priorizar 18 municípios com maiores índices de violência para receber ações na área da segurança, incluindo reforço de efetivo e monitoramento de indicadores de crimes. O oficial destaca a ampliação do uso da inteligência policial:
— Alguns crimes, como o roubo a banco, na modalidade do novo cangaço (quando a cidade é sitiada pelos ladrões), por exemplo, praticamente não tivemos mais. Os roubos de veículos caíram bastante. Estamos conseguindo fazer trabalho de inteligência, nos antecipando às ações desses criminosos. É preciso destacar a integração com órgãos e a interação com as comunidades.
Chefe da Polícia Civil no Estado, a delegada Nadine Anflor destaca a qualificação da investigação, por meio de inteligência, uso de tecnologias e da maior troca de informações dentro da instituição, como uma das estratégias para reduzir os indicadores. O ano passado se encerrou com taxa de elucidação de 75% dos homicídios e de 86% dos latrocínios.
— O principal desafio é manter os dados porque a queda foi muito significativa. Estamos em um ano atípico, no qual precisamos nos reinventar. A ampliação dos registros pela Delegacia Online é um exemplo disso, que veio para ficar — afirma.
Por que os números são diferentes da SSP?
Embora se confirme a redução nos crimes, como já havia sido informada pelo governo do Estado, é possível constatar que há variações entre os dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) do RS e os compilados pelo governo federal. Isso porque os métodos de extração das informações das ocorrências são distintos. O governo do Rio Grande do Sul, por exemplo, não contabiliza homicídios de trânsito e feminicídios (assassinato de mulher em contexto de gênero) nas vítimas de homicídio, já que são indicadores divulgados separadamente.
"Expressiva queda", diz Moro
Entre os dados apresentados pelo Ministério da Justiça, o titular da pasta, Sergio Moro, destacou a redução de 19% nos homicídios dolosos no Brasil, passando de 48.985 casos para 39.503 em 2019.
— Dados oficiais confirmam a expressiva queda dos crimes em 2019, primeiro ano do governo do presidente Jair Bolsonaro, quando 10.107 brasileiros deixaram de ser mortos pelo crime — comemorou.
O roubo a instituição financeira foi o crime que mais apresentou diminuição, de acordo com o governo federal, havendo queda de 41,1%. A pesquisa do Ministério mostra que houve queda nos latrocínios (-22,7%), roubos de veículos (-25,6%), roubo de carga (-20,6%), furto de veículos (-10,9%), tentativa de homicídio (-5,5%), lesão corporal seguida de morte (-5,6%) e estupro (-4,3%).