O ex-juiz Sergio Moro confirmou nesta sexta-feira (24) a saída do governo Jair Bolsonaro, em decorrência da demissão do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo. Moro atuava como ministro na pasta de Justiça e Segurança Pública. Durante pronunciamento, o ex-juiz afirmou que o presidente expressava o desejo de ter acesso às investigações em curso na PF.
Em entrevista ao Timeline, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurelio Mello, destacou a necessidade de aguardar pelas investigações e Poder Legislativo, mas destacou que a situação, agora divulgada por Moro, era inimaginável.
— É péssimo isso que acabou de ser divulgado. Não se poderia imaginar. Principalmente do chefe do Executivo nacional, que precisa dar o exemplo, principalmente no setor administrativo — disse. — Eu vou repetir o que eu sempre disse: a Polícia Federal não é uma polícia do governo, é uma polícia de Estado. E, por isso, tem que atuar com absoluta independência — afirmou.
O ministro avaliou que a próxima pessoa a ocupar o cargo de diretor-geral da Polícia Federal estará à sombra de um estigma, o que não seria benéfico.
— Temos que admitir que o designado já vai chegar com um estigma. Já vai chegar sob suspeição quanto à atuação à frente da Polícia Federal. Isso não é bom em termos de cidadania, não é bom em termos de nacionalidade.
A demissão de Valeixo e a saída de Moro ocorrem em um contexto no qual há um inquérito correndo na Suprema Corte para apurar a realização de eventos de caráter antidemocráticos, que pediam a volta da ditadura militar. De acordo com o ministro, a situação é preocupante
— No contexto, é preocupante, muito preocupante. Tanto que houve a instauração de um inquérito no âmbito do supremo. E temos que aguardar as investigações nesse inquérito — disse.