A Polícia Civil ouviu nesta quarta-feira (29) um amigo de Dionatha Bitencourt Vidaletti, 24 anos, que afirma que o autor confesso de um triplo homicídio na zona sul de Porto Alegre comprou há cerca de um mês uma pistola idêntica à que foi usada no crime. No último domingo (26), Rafael Zanetti Silva, 45 anos, a esposa Fabiana Silveira Innocente Silva, 44 anos, e o filho deles Gabriel Innocente Silva, 20 anos, foram mortos durante uma briga de trânsito na Estrada do Varejão, no Lami.
Vidaletti confessou ter cometido o crime, mas alegou legítima defesa e disse que a arma seria de Rafael. A versão do amigo, no entanto, contradiz o depoimento do autor confesso, que está preso desde terça-feira (28). O homem encaminhou aos investigadores conversas trocadas por mensagem com Vidaletti, onde há fotos da pistola.
Conforme o delegado Rodrigo Pohlmann Garcia, da 4ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a arma possui a mesma cor da que foi utilizada no triplo homicídio — duas testemunhas informaram que o atirador portava uma pistola preta no dia do crime. Embora Vidaletti tenha 24 anos, o que não permitiria que comprasse arma, uma vez que a idade mínima é 25 anos, a polícia ainda apura se a pistola foi adquirida de forma legal ou não.
— Pode ser que ele tenha comprado de terceiro, mas no texto (da mensagem ao amigo) ele afirmou que comprou em uma loja. Se tem registro, pode ser que não tenha sido baixado no sistema, mas por enquanto não encontramos. Esse fato é uma prova que será anexada ao inquérito, que pode desmentir do autor — afirma o delegado.
O policial também afirma que a bermuda que aparece na foto, que teria sido enviada pelo autor, seria a mesma utilizada na data do crime. Uma testemunha, moradora das proximidades de onde ocorreu o crime, também foi ouvida nesta quarta-feira pelos investigadores. A mulher é a mesma que divulgou em redes sociais um áudio onde relatava ter presenciado o triplo homicídio.
— Ela foi bem clara: que não viu arma com as vítimas e a primeira vez que viu a pistola de cor preta estava na mão da mãe do atirador, que estava do lado da porta do motorista (da Ecosport). Isso com as fotos da arma podem indicar que a pistola pertence mesmo à família de Vidaletti e que a mãe dele pode ter pego de dentro do carro — diz o delegado.
Contraponto
Os advogados Marcos Ribeiro de Sousa e Michelle Costa Brião de Sousa se manifestaram por meio de nota:
"Dionatha já foi condenado pela mídia e opinião pública antes mesmo de ter sido indiciado, processado e julgado. Nosso cliente exercerá o seu direito à ampla defesa e contraditório, os fatos serão demonstrados com clareza.
Ninguém tem o direito de matar, mas ninguém tem a obrigação de morrer sem defender sua mãe e a si próprio. A perícia irá demonstrar a veracidade quanto às alegações de violência física sobre o acusado e sua mãe.
A defesa protocolará um pedido de revogação de prisão preventiva e, se necessário, será impetrado habeas corpus a ser dirigido ao Tribunal de Justiça do RS.
Nossas alegações serão no sentido de que Dionatha Bitencourt Vidaletti é réu primário (ex-militar, sem nenhum antecedente criminal ou policial), possui residência fixa, trabalho lícito, além de ter se apresentado espontaneamente e estar disposto a colaborar com as investigações."