Está agendado para segunda-feira (3), às 14h, o depoimento da mãe de Dionatha Bitencourt Vidaletti, 24 anos, preso por um triplo homicídio durante briga de trânsito no Lami, na zona sul de Porto Alegre, no último domingo (26). O relato da mulher é considerado importante pela Polícia Civil, já que ela estava na companhia do filho quando ele atirou contra três pessoas da mesma família. Foram mortos a tiros Rafael Zanetti Silva, 45 anos, a esposa dele Fabiana da Silveira Innocente Silva, 44 anos, e o filho do casal Gabriel Innocente Silva, 20 anos.
O crime aconteceu após o Aircross da família colidir contra a Ecosport de Vidaletti, que estava estacionada. O casal retornava com os dois filhos e a nora de um aniversário em um sítio. Após o acidente, eles não pararam, mas foram alcançados 4,2 quilômetros depois, na Estrada do Varejão, por Vidaletti e pela mãe dele. As famílias desceram dos veículos e houve uma discussão.
Durante a briga, Vidaletti atirou com uma pistola 9 milímetros nos três. Rafael e Fabiana morreram no local e Gabriel chegou a ser socorrido, mas não resistiu. O filho caçula do casal, de oito anos, e a namorada do jovem ficaram dentro do Aircross e não foram atingidos.
Na versão do autor confesso, que se entregou à polícia na terça-feira (28), ele foi atrás da família porque eles não pararam após o acidente, que danificou a porta do motorista de seu veículo. Ele alegou aos policiais que estava desarmado e passou a ser agredido por Rafael com uma pistola. Ele disse ainda que conseguiu arremessar a arma para longe e que a mãe dele chegou a dar um disparo para o chão, para dispersar a briga. Ninguém foi ferido neste momento. Na sequência, segundo a versão de Vidaletti, a mãe dele passou a ser agredida pela família e, por isso, ele pegou a pistola e atirou contra os três.
A polícia descobriu, no entanto, que, 16 dias antes do crime, o pai de Vidaletti adquiriu uma pistola com as mesmas características da usada no crime. Para a investigação, é um indício de que a arma era dele e não da vítima como o atirador havia relatado. Uma moradora ouvida pelos policiais também contou ter visto a arma pela primeira vez com a mãe de Vidaletti, ao lado da porta do motorista da Ecosport. Em áudio obtido pelos, policiais Fabiana relata à Brigada Militar que havia uma mulher armada no local.
A suspeita, segundo o delegado Rodrigo Pohlmann Garcia, da 4ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), é que a mulher tenha pego a pistola dentro do carro para efetuar um disparo para o chão. Na sequência, logo após Fabiana ligar para a polícia, Vidaletti teria tomado a arma de volta e atirado contra a família. A polícia também deverá ouvir nos próximos dias o pai de Vidaletti, em razão da arma que foi adquirida em nome dele em 10 de janeiro. A pistola usada no crime não foi localizada até o momento.
Contraponto
Os advogados Marcos Ribeiro de Sousa e Michelle Costa Brião de Sousa, que defendem Dionatha Bitencourt Vidaletti, se manifestaram por meio de nota:
"Dionatha já foi condenado pela mídia e opinião pública antes mesmo de ter sido indiciado, processado e julgado. Nosso cliente exercerá o seu direito à ampla defesa e contraditório, os fatos serão demonstrados com clareza.
Ninguém tem o direito de matar, mas ninguém tem a obrigação de morrer sem defender sua mãe e a si próprio. A perícia irá demonstrar a veracidade quanto às alegações de violência física sobre o acusado e sua mãe.
A defesa protocolará um pedido de revogação de prisão preventiva e, se necessário, será impetrado habeas corpus a ser dirigido ao Tribunal de Justiça do RS.
Nossas alegações serão no sentido de que Dionatha Bitencourt Vidaletti é réu primário (ex-militar, sem nenhum antecedente criminal ou policial), possui residência fixa, trabalho lícito, além de ter se apresentado espontaneamente e estar disposto a colaborar com as investigações."