O diretor do presídio de Pedro Juan Caballero e outros 30 agentes penitenciários — de diferentes níveis hierárquicos — foram detidos. Eles são suspeitos de terem facilitado a fuga de 75 integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), na madrugada deste domingo (19).
O governo paraguaio já havia anunciado os afastamentos de Joaquín González, diretor-geral de estabelecimentos penitenciários; Matías Vargas, chefe da Segurança; Cristian González, diretor da prisão, além de cinco agentes penitenciários.
Três promotoras estão à frente das investigações pelo MP paraguaio: Reinalda Palácios, Irene Álvarez e Fabiola Molas. Elas foram, na tarde de domingo, ao presídio fazer vistoria. Após os trabalhos, pediram a detenção dos 31 para esclarecimentos, segundo informou o MP ao UOL.
"Com a autorização judicial e acompanhamento das juízas de execução Dalmi Gómez e a juíza de sentença Carmen Silva, foram apreendidos celulares para cruzamento de chamadas e análise de informações, tanto das pessoas detidas como de aparelhos celulares encontrados em um escritório invadido", informou a Promotoria, em nota.
A juíza de execução ordenou, de forma provisória, que os outros 81 presos do pavilhão que não fugiram fiquem num pavilhão contíguo. Os procedimentos do MP foram realizados em conjunto com a Polícia Nacional.
O ministro do Interior, Euclides Acevedo, afirmou que Brasil e Paraguai estão trabalhando juntos para tentar recapturar os 75 criminosos. Para ele, houve claro envolvimento dos agentes penitenciários.
— Estamos trabalhando com a hipótese de que houve uma liberação de presos. A cumplicidade pessoal dos agentes não é só verossímil, como é quase evidente — afirmou.
Ministra colocou o cargo à disposição
Neste domingo, a ministra da Justiça do Paraguai, Cecilia Pérez, colocou seu cargo à disposição do presidente, Mario Abdo Benítez, o que não foi acatado de início.
"A responsabilidade política deste ministério é minha. E eu trabalho e devo ao presidente, à sociedade e opinião pública. O presidente tomará a decisão que tiver de tomar", informou a ministra, por meio de nota.
A ministra disse, no entanto, que o presidente determinou que ela siga trabalhando para reverter a situação, considerada pelo governo como grave, para que "se determinem as responsabilizações e que sejam processadas as pessoas envolvidas".
Fuga de membros do PCC
Na madrugada deste domingo, 75 homens presos em Pedro Juan Caballero, acusados de integrar ou colaborar com o PCC, fugiram através de um túnel cavado. Apenas um deles, que seria o 76º a fugir, foi detido.
Segundo o Ministério da Justiça, dos 75 fugitivos, 40 são brasileiros. O ministro do Interior, Euclides Aceved, afirma, desde domingo, que houve, possivelmente, auxílio de agentes penitenciários para a fuga.
O ministro afirmou que o túnel pode ter sido apenas uma fachada para ocultar um possível auxílio. Entre a saída do túnel cavado e uma guarita, há distância de apenas 25 metros. Outra guarita está a 70 metros do local.
Em dezembro do ano passado, o governo paraguaio havia identificado um suposto plano de fuga de membros do PCC no presídio da cidade. A suspeita é de que a facção brasileira tinha oferecido US$ 80 mil a agentes penitenciários e policiais.