
Assassinado com cinco tiros, no final da tarde de terça-feira (10), no seu local de trabalho em Novo Hamburgo, o sargento da Brigada Militar Ezequiel Freire dos Santos, 50 anos, ingressou na corporação em 1990 e havia entrado para reserva há três anos. Pouco tempo depois, se separou da esposa e há cerca de um ano e meio havia aberto uma empresa de reciclagem junto a namorada, que funcionava às margens da BR-116, no bairro Primavera.
O filho único de Freire, o frentista Gabriel Freire, 24 anos, havia passado a tarde com o pai, horas antes do crime.
— Eu saí do trabalho por volta das 14h e fui lá. Passamos a tarde conversando, tomando refrigerante. Antes de sair, eu disse, "Te amo, pai. Falamos amanhã". Uma hora depois que estava em casa, ligaram avisando o que tinha acontecido.
Gabriel, que vive no bairro Rincão, em Novo Hamburgo, correu para o trabalho do pai.
— Cheguei e o vi no chão. Ainda tentei chamá-lo, mas não respondeu mais. Todos os tiros foram na cabeça _ recorda o filho.
Imagens das câmeras do local mostram um homem chegando com uma sacola de cobre. Freire avalia o material enquanto o suspeito espera. Em seguida, ele começa a disparar contra o sargento. O homem foge correndo do local.
— Ele veio com aquela sacola de cobre para despistar. E o cara ficou cuidando meu pai, até que começou a atirar. Ele jamais esperava que isso pudesse acontecer, não estava preocupado com nada ontem. Se ele se sentisse ameaçado, andaria armado. Mas não era o caso. Ele vendeu a arma há algum tempo. Se meu pai tivesse inimigos, ele teria uma arma, mas ele não se queixava de ninguém — afirma Gabriel.
Depois de se aposentar, Freire tentou abrir uma chapeação e uma lavagem de carros. Nenhum dos negócios deu certo, segundo o filho. Na reciclagem, havia encontrado uma nova renda fixa:
— Ele se separou da minha mãe e foi morar na BR-116. Se aposentou e ficou um pouco depressivo, ainda estava com salários parcelados. Então, arranjou uma outra atividade para trabalhar.
Segundo o filho, Freire era um policial de linha de frente, atuava em Novo Hamburgo, especialmente nos bairros Santo Afonso e Canudos. Mesmo afastado da atividade, era apegado à Brigada Militar. Na sexta-feira, chegou a participar com outros colegas de um protesto da BM.
— Meu pai trabalhou a vida toda. Nunca ganhou nada. Era um paizão. Há uns meses, sonhei que iriam matá-lo em um assalto. Agora, parece que virou realidade.
Natural de Santa Maria, Freire prestou concurso público para a Brigada Militar em Novo Hamburgo. Tinha personalidade forte e era, segundo o filho, vaidoso, gostava de pescar e tomar chimarrão. Vivia com uma namorada, mas nas suas redes sociais dizia que estava solteiro. Há três meses, se tornou avô.
O velório de Freire está marcado para começar às 18 horas desta quarta-feira no Cemitério Jardim da Memória. O sepultamento ocorrerá nesta quinta-feira, às 11h, no Cemitério Municipal de Novo Hamburgo.
A Polícia Civil está ouvindo testemunhas. O delegado Márcio Niederaurer, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Novo Hamburgo, está no comando da investigação e, no momento, não revela detalhes do que está sendo apurado.