A Polícia Civil espera ter dado fim a um grupo criminoso que dominou o tráfico de drogas na cidade de São Sepé, na Região Central. Com a segunda edição da Operação Tentáculos, desencadeada na manhã desta quinta-feira (5), 28 pessoas ligadas a uma facção de Porto Alegre foram presas. Dezoito delas foram capturadas em São Sepé. Outras foram presas no município de Restinga Sêca, que é quase vizinho, além de Lajeado e Rio Grande.
Também foram cumpridos mandados de prisão no presídio de São Sepé, de Santa Maria e na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), onde estão recolhidos os dois líderes do grupo. Na primeira operação, realizada em 30 de maio, outras 17 pessoas já haviam sido capturadas. De acordo com o titular da 2ª Delegacia Regional da Polícia Civil, delegado Sandro Mainerz, desde o início das investigações, antes mesmo da primeira operação, cerca de 70 pessoas ligadas ao grupo já foram presas.
O delegado também destaca que, além do tráfico de drogas, o grupo realizava outros crimes na cidade:
— Não é só o tráfico. É o roubo, a extorsão, o homicídio, a tentativa de homicídio, é uma criminalidade violenta que vem com pessoas que chegam da Região Metropolitana armadas para cometer crimes. É uma expansão das ações ilícitas. Por isso essa operação moveu tanta gente, são mais de 160 policiais envolvidos. Todo mundo estava na rua, trabalhando em prol da segurança pública, vestindo a camiseta, cumprindo o seu dever de proteger a comunidade — afirma Meinerz.
Apesar do número expressivo de pessoas presas desde antes da primeira operação, o delegado diz que não é possível afirmar que com essas ações as atividades do grupo vão cessar na cidade. No entanto, Meinerz ressalta que o "trabalho" da organização vai ficar muito mais difícil.
— É difícil dizer que se dá fim. O crime passou por um processo de terceirização. Cada vez mais pessoas trabalham para a facção sem pertencer a ela. Então, dizer que vamos paralisar completamente não tem como. Mas, com certeza, vai dar um baque na estrutura do crime deles. Vai reduzir a criminalidade, a oferta de droga na cidade, essa resposta está sendo dada — afirma.
Por que São Sepé?
Mesmo após a primeira operação, com 17 integrantes presos, a facção não desistiu de se fixar em São Sepé. O delegado Meinerz explica que a atração pela cidade de pouco mais de 23 mil habitantes se dá pelo fato de não precisar depender mais do "abastecimento" de entorpecentes da vizinha Santa Maria, que tem mais de 10 vezes o tamanho populacional:
— Antigamente, o fluxo de drogas em São Sepé vinha de Santa Maria. Hoje, com a chegada do crime organizado, das facções, a droga já não vem de Santa Maria, ela vem diretamente da Região Metropolitana. Pessoas de São Sepé foram arregimentadas pela facção, trabalham para ela, sob o comando desse preso que está na Pasc. Então, algumas pessoas fazem a logística, distribuem as drogas nos pontos de vendas, outras armazenam, outras praticam esses roubos. Há uma divisão de tarefas, é uma estrutura toda organizada de criminalidade, é uma empresa do crime, em que o escritório do diretor da empresa, do chefe do crime, é dentro de uma penitenciária.
Segundo o delegado regional, essa foi a maior operação da Polícia Civil na Região Central.