A Polícia Civil do Rio de Janeiro fez, na manhã desta terça-feira (31), uma operação para prender Eduardo Fauzi Richard Cerquise, 41 anos, um dos cinco suspeitos de atacar a produtora do Porta dos Fundos. O acusado não estava em casa no momento no momento da abordagem policial e agora é considerado foragido.
Presidente da Associação dos Guardadores de Carro São Miguel, Fauzi ficou conhecido quando agrediu, em 2013, o secretário de Ordem Pública Alex Costa após uma operação que fechou estacionamento irregular no centro do Rio de Janeiro. Em fevereiro de 2019, ele foi condenado pelo ato. O homem possui outras 20 anotações criminais por ameaça e agressão.
— O Eduardo tem um perfil violento e antagônico. Tem livros ligados à religião cristã e ao islamismo, esses dados foram vistos hoje na busca e apreensão. Ele é um empresário de classe média alta. Ainda devemos identificar os demais autores do ataque — disse o delegado Marco Aurélio de Paula Ribeiro.
Na operação desta manhã, a polícia encontrou na casa do suspeito uma arma falsa, munição, um computador, dinheiro e uma camisa de uma entidade filosófico-política.
A identificação de Fauzi ocorreu após a Justiça autorizar escutas telefônicas e pela pesquisa de imagens em cerca de 50 câmeras. De acordo com a Polícia Civil, após atacarem a produtora, o grupo de criminosos fugiu em um carro.
Na Rua Martins Ferreira, Fauzi desembarcou do veículo, retirou as fitas que tapavam as placas dos veículos e seguiu a pé, sem usar capuz para esconder o rosto. Após assustar-se com uma patrulha na Rua Real Grandeza, foi até a Rua São Clemente, onde embarcou em um táxi. A polícia pesquisou diversas placas de veículos até localizar o taxista que transportou Fauzi até o centro da cidade.
— Estamos apurando se há ato isolado de pessoas com pensamentos e doutrinas próprias ou se há ligação com alguma entidade. As diligências continuam e estamos à procura do investigado. As provas foram produzidas e a prisão foi decretada pela Justiça. Nos endereços que ele declara como residencial e comercial, não foi encontrado — disse o delegado.
O ataque
O ataque à Porta dos Fundos ocorreu na madrugada do dia 24, véspera de Natal. Um grupo atirou coquetéis molotov na sede da produtora do Porta dos Fundos e fugiu. Havia um vigilante no prédio, por isso a polícia trata o caso como tentativa de homicídio. A presença de câmeras de segurança registrou o momento do ataque. Enquanto três pessoas atiravam as bombas artesanais, uma registrava tudo pelo celular. Ninguém ficou ferido.
Antes do atentado, o Porta dos Fundos recebeu uma série de críticas de grupos cristãos por retratar Jesus como gay no filme humorístico Especial de Natal Porta dos Fundos: a Primeira Tentação de Cristo, exibido na Netflix.
Como resposta ao atentado e às críticas, o comediante Fábio Porchat, que participou da filmagem, publicou um artigo, no jornal O Globo, no qual defende que sátiras são fundamentais para uma sociedade rir de si mesma. "A lei de Deus não existe para nosso país, ela existe para o indivíduo. Com religião, você não brinca e eu respeito isso. Mas a sua lei pessoal não pode valer pra mim, pra minha mãe."