Apontado como responsável por uma tentativa de latrocínio em 19 de novembro no bairro Vila Nova, na zona sul de Porto Alegre, quando uma mulher foi ferida com um tiro no rosto na saída de um supermercado, Maximilhano Moreira dos Santos, 20 anos, foi preso no dia 10 de dezembro. Segundo a delegada Vivian Calmeieri do Nascimento, o histórico do suspeito como adolescente infrator motivou o pedido de prisão preventiva. O investigado, em 15 de abril de 2017, matou o juiz Cláudio Roberto Ost, titular da 1ª Vara do Trabalho de Santa Rosa, com um tiro nas costas, no mesmo bairro. À época, Santos tinha 17 anos.
Segundo a polícia, o crime foi passional. Maximilhano cumpriu dois anos e oito meses de medida socioeducativa e deixou a Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase) em agosto, três meses antes da nova detenção, desta vez, para uma casa prisional adulta.
Imagens divulgadas pela Polícia Civil, e que ajudaram na elucidação do crime, mostram que, por volta das 12h50min do dia 19 de novembro um Gol branco sai do estacionamento de um supermercado na Rua Marquês do Maricá. No momento em que o veículo aguarda para fazer a conversão à direita na Avenida João Salomoni, o criminoso aborda o carro pelo lado da motorista.
Santos retira a mulher do carro, a vítima sai com as chaves na mão e é baleada no rosto. A bala perfura o lado esquerdo do rosto e sai abaixo do maxilar direito. Após ser ferida, a mulher corre em direção ao estacionamento do supermercado. Sem conseguir arrancar com o Gol, Santos ataca uma Kombi que saía do estabelecimento com seis funcionários e havia parado logo atrás do Gol. Os ocupantes saem às pressas da Kombi e o homem foge com o veículo.
— Como a vítima saiu com a chave na mão, ele não conseguiu levar o carro. Então, o criminoso rouba a Kombi para fugir do local e abandona o veículo logo depois. Ele só a usou para fugir daquela situação. O que ele queria era o Gol — afirma a delegada Vivian Calmeieri, que responde interinamente pela 13ª DP.
Segundo a polícia, nove dias antes do crime, em 10 de novembro, Santos foi flagrado com um Gol roubado e com placas clonadas. Ele foi liberado após a fiança.
O inquérito, iniciado pelo delegado Luciano Coelho, está sendo concluído pela delegada Vivian. A investigação contou com informações do Comando de Policiamento da Capital e informações de inteligência da Brigada Militar. O suspeito foi reconhecido pela vítima e pelas demais testemunhas do crime. Santos será indiciado por tentativa de latrocínio e roubo de veículo. Em depoimento à polícia, permaneceu calado.
— Ele tem o típico perfil de um sociopata. Não se arrepende, não demonstra emoção e é arrogante — avalia a delegada.
Detalhes
A mulher vítima da tentativa de latrocínio foi internada e precisou fazer cirurgia para reconstruir o esôfago, atingido pela bala. Ela recebeu alta e tem dificuldades para falar.
— Naquela situação, ela não morreu por sorte. Ela nos disse que não teve intenção de reagir e na hora nem raciocinou que estava levando a chave do carro. É um crime que causou comoção: uma mulher leva um tiro no rosto, ao meio-dia e em plena via pública — afirma a delegada Vivian.
Santos foi preso preventivamente 21 dias após o crime, em ação conjunta da BM e da Polícia Civil, na Estrada Luís Pinto de Barcelos, em Viamão, na Região Metropolitana. O suspeito foi encaminhado para o Presídio Central:
— Foi tudo filmado, a hora do crime, como foi. As imagens falam por si só. As vítimas estão vivas para relatar e nos dar detalhes que as imagens não dão — assegura a delegada.