A Polícia Civil investiga um suposto golpe de hackers que teriam invadido contas bancárias da prefeitura de Mormaço, no norte do Rio Grande do Sul, e retirado R$ 233 mil. A verba, inicialmente, estava alocada em Brasília e dizia respeito à parte do município relacionada a fundos como Fundeb e Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que são verbas federais destinadas às unidades federativas no Brasil.
De acordo com o prefeito da cidade, Rodrigo Trindade (PP), a ação criminosa começou na quarta-feira (27), quando o secretário da Fazenda de Mormaço, Alexandre Vieira, recebeu uma ligação pedindo para fazer um "recadastramento" do computador da secretaria na instituição bancária.
A partir dali, o prefeito afirma que começou a perceber transferências sendo feitas na conta. Na quinta-feira, ao tirar um extrato, o secretário e o prefeito verificaram que cerca de R$ 232 mil haviam sido retirados. Para efeito de comparação, o total das receitas arrecadadas em Mormaço no mês de outubro foi R$ 1,135 milhão.
— Eles passaram pelo sistema do banco, também, porque acima de R$ 3 mil nós temos de assinar, levar em papel. Foram feitas quatro transferências e pagos dois boletos. A transferência de menor valor foi de R$ 16 mil, a mais alta, R$ 49 mil — declarou Trindade.
O delegado da Polícia Civil em Soledade, Márcio Marodin, afirma que as autoridades já sabem para onde foram destinados os valores.
— Identificamos que uma parte foi depositada em contas de Brasília, no Distrito Federal. Já temos uma investigação avançada nesse sentido. Trata-se de uma ação muito bem arquitetada, de pessoas que têm conhecimento das rotinas bancárias. Um nível avançado de informática — declara Marodin.
O prejuízo nas contas já começa a impactar nas atividades da prefeitura. Segundo Trindade, licitações para compra de pneus, transporte escolar e reforma do parquinho da praça principal da cidade serão adiadas devido à perda. A prefeitura informa que tem dinheiro em caixa para pagar a folha deste mês.
— Vamos segurar (as licitações), não vamos fazer agora, vamos ver o que vão fazer, se o banco reportou ou se a polícia vai conseguir pegar de volta — diz Trindade.
A investigação será conduzida pela Delegacia de Crimes Cibernéticos do Departamento de Investigação e Criminalística da Polícia Civil, em Porto Alegre. O prefeito afirma que pretende acompanhar pessoalmente as apurações a partir da próxima semana.