Por estar com o veículo no conserto, ao final do dia, Jair Silveira de Almeida, 53 anos, iria chamar um carro por aplicativo para ir embora da clínica terapêutica onde a esposa trabalha. Retornariam juntos para casa, na zona norte da Capital. Desistiu quando lhe disseram que poderia usar a Range Rover. Saiu da Rua Bartolomeu Bernardi com a companheira. Teve de retornar quando ela percebeu que havia esquecido algo no local.
Quando a mulher saiu do veículo e entrou na clínica, o crime aconteceu. O carro em que ele estava foi atingido por pelo menos 11 disparos. A principal linha de investigação da Polícia Civil é de que Almeida foi assassinado por engano.
— É algo que ainda não conseguimos digerir. Ele nem ia voltar para casa com aquele carro. Iria pedir um Uber e emprestaram o veículo para ele — conta a irmã de Almeida, a atendente de padaria Marília Oliveira, 43 anos.
Natural de Alvorada, onde mora a maior parte dos seus parentes, Almeida é descrito por amigos e parentes como uma pessoa honesta, trabalhadora e muito ligado à família. Ele deixa esposa, dois filhos e duas netas.
— A maneira como tudo aconteceu foi horrível. Era um cara show de bola. Estamos todos apavorados — conta o ex-cunhado Clair Zeida, 43 anos.
Os amigos ouvidos pela reportagem contam que Almeida possuía uma gráfica em Porto Alegre e um depósito de gás em Alvorada. Ele vendeu os dois negócios para abrir uma clínica geriátrica no bairro Anchieta, que atualmente funciona como clínica terapêutica. No local, sua esposa trabalha como assistente social.
— Era um cara trabalhador, que economizava muito e trabalhava dia e noite. Uma pessoa maravilhosa. Um cara honesto. Não tem explicação para um cara do bem como ele ter uma morte dessas — descreve a amiga da família Márcia Piffer, 43 anos.
Segundo a irmã, a vida social de Almeida era voltada para a religião. Evangélico, frequentava a Igreja Adventista do Sétimo Dia e participava de ações comunitárias levando refeições a moradores de rua e asilos.
— O lazer dele era ajudar os outros. Era cara muito família, não saia à noite, não tinha vícios. Tu não espera que algo assim aconteça com quem não era desse mundo — diz Marília.
O velório de Almeida tem começo previsto para as 19h, no Cemitério Parque São Jerônimo, em Alvorada, onde será sepultado.