O gramado em frente ao Congresso amanheceu cravejado com 1.237 cruzes ontem. O ato foi um protesto para assinalar o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1999. De acordo com organizadores da manifestação, cada cruz representa uma mulher assassinada no Brasil por questões de gênero este ano.
Num dos momentos mais emocionantes do protesto, foram lidos os nomes de 31 mulheres mortas no Distrito Federal entre janeiro e novembro. Ao final de cada nome, cerca de cem pessoas gritavam "presente". Uma das idealizadoras do evento, a presidente da Comissão Externa de Combate à Violência Contra a Mulher, deputada Flávia Arruda (PL-DF), informou ainda a data de cada um dos assassinatos.
Do céu, um helicóptero do Detran sobrevoou a região soltando milhares de pétalas de rosa sobre o público. No chão, as cruzes foram decoradas ora com laços cor-de-rosa, ora com laços pretos. Havia também inscrições como "SOS" e "basta ao feminicídio", simbolizando um pedidos de socorro das mulheres, e sapatos femininos.
Após o ato no gramado da Esplanada, os presentes participaram de uma sessão solene no plenário da Câmara. A campanha anual pela redução da violência contra a mulher se estende por mais 16 dias, até 10 de dezembro, quando se comemora a aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos.