O Rio Grande do Sul registrou elevação de 40,96% no número de casos de feminicídio —morte por questões de gênero ou em circunstâncias de violência doméstica — em 2018 se comparado ao mesmo período do ano anterior. No ano passado, foram 117 feminicídios, 34 a mais do que em 2017, segundo dados do 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados na manhã terça-feira (10).
O Estado segue na terceira colocação entre as unidades da federação, ficando atrás apenas de Minas Gerais (156) e São Paulo (136).
Diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher, Tatiana Bastos afirma que o aumento não representa elevação real no número de casos, mas sim o efeito da mudanças na metodologia em relação a esse tipo de crime. A delegada destaca a classificação de feminicídio desde o início da ocorrência como um dos fatores que explicam esse fenômeno. Antes de janeiro de 2018, no Rio Grande do Sul, esse trâmite ocorria apenas no momento do indiciamento, quando o inquérito era finalizado.
A Polícia Civil no Estado também mudou os critérios para definir o que é feminicídio, e agosto do ano passado, passando a incluir casos fora da esfera íntima nesse enquadramento. A diretora destaca que esses dois fatores influenciam na escalada dos registros no período analisado pelo levantamento.
— Não houve aumento real e sim aumento de dados que antes não eram tabulados como feminicídio. Esses casos estavam lá nos homicídios e agora passam para a tabulação de feminicídio. Então, é claro que vai diminuir lá e aumentar aqui, porque é o mesmo dado. O evento morte é um homicídio. A diferença é que o feminicídio é uma forma qualificada de homicídio — explica a delegada.
No Brasil, o número de feminicídios também registrou elevação, subindo de 1.151 para 1.206 (4,7%).
Queda nos homicídios
Presentes com frequência no cotidiano urbano do Rio Grande do Sul, casos de homicídio e latrocínio (roubo com morte) apresentaram queda em 2018, segundo a pesquisa. No ano passado, 2.355 pessoas foram assassinadas no Estado _ 615 a menos do que em 2017 _, registrando queda de 20,7%.
Nos casos de latrocínio, a redução foi ainda maior. Em 2017, o estudo apontou 128 casos. O número reduziu para 91 no ano passado (-28,9%).
O levantamento também mostra redução nos registros de mortes não esclarecidas no Estado. Esse tipo de caso apresentou redução de 6,88% no RS, caindo de 1.002 para 933. Na contramão, o Brasil não recuou nesse indicador, exibindo elevação de 7,61%.