A avó materna do menino de oito meses levado por ladrões que roubaram um I30, na noite de sexta-feira (13), na zona norte de Porto Alegre, relembra os momentos de pavor que viveu até o neto ser encontrado.
Assim que soube do assalto, ela foi para o 11º Batalhão de Polícia Militar (11º BPM), de onde ouviu os diálogos, via rádio, entre PMs do quartel e colegas deles que estavam em uma viatura, perseguindo o veículo da família roubado na Vila Ipiranga. Ao mesmo tempo que acompanhava o trabalho policial, tinha de amparar a filha, mãe do bebê, isolada em outro setor do quartel.
A seguir, trechos do relato da avó, em entrevista para à reportagem de GaúchaZH.
"Minha filha ia ao supermercado com meu genro e meu neto. Aí, percebeu que estava sem o cartão. Então, para evitar ficar parado na frente do prédio, e ser assaltado, o meu genro deu uma volta na quadra enquanto ela subia até o apartamento. Quando ela estava saindo na porta, ouviu barulho do carro arrancando em alta velocidade e os gritos do marido. Três homens chegaram a pé, apontaram uma pistola para cabeça dele, mandaram descer e fugiram com a criança. Quando minha filha percebeu o que tinha acontecido, foi para o meio da rua, gritando. Passavam vários carros e um a atropelou, de leve. Ela caiu, machucou uma perna, mas nada de mais.
Eles pegaram uma carona e vieram me avisar. Moro perto. Fomos para o 11º BPM. Ficamos eu e ela. Como estava muito nervosa, desmaiou e, depois, ficou em um canto, mais afastado. E, eu, perto da sala de rádio, ouvindo a conversa entre os PMs do batalhão e os que estavam em uma viatura, na rua, perseguindo os ladrões. Eu falava, pelo amor de Deus, não atirem no carro, meu neto está lá dentro. Na verdade não estava mais, só que eu não sabia.
De vez enquanto, eu ia até a minha filha e pedia para ela se acalmar, falava que o meu neto tinha sido encontrado, e que estavam chegando com ele. Minha filha estava em choque, e, naquela hora, tive de mentir. Imagina a minha situação. Depois, eu voltava para lá e seguia ouvindo o rádio dos policiais. Em um momento, os PMs da viatura falaram que os ladrões bateram o carro e fugiram. Mas a criança não estava no carro, e eles não conseguiam encontrá-la. Um vigilante e um policial civil já estavam com o meu neto, só que a gente não sabia.
Até eles chegarem com meu neto, todo aquele desespero, acho eu, que durou uma hora. Ele veio na cadeirinha, enroladinho em um cobertor, mas geladinho, com as bochechas frias, mas sorrindo. Não entendeu nada do que aconteceu. Nós choramos muito. E os policiais, que estavam muito preocupados, vendo, ali, uma mãe gritando, desesperada, também se emocionaram. Tudo acabou bem, mas foi o pior dia da minha vida. A família está em choque. A gente se olha e não sabe o que dizer. Estamos amortecidos".