O assalto a dois ônibus gaúchos que terminou com um segurança morto na BR-116, no Paraná, foi cometido por uma quadrilha experiente e extremamente violenta, assegura a Polícia Civil daquele Estado. A forma com que o ataque ocorreu surpreende até mesmo investigadores: os assaltantes estavam em um carro blindado e atiraram com fuzil contra o comboio.
Perto das 18h30min de quarta-feira (28) o grupo agiu e atacou os ônibus. No quilômetro 40 da BR-116, em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, os ladrões teriam feito uma emboscada para esperar os comerciantes — que partiram em dois ônibus de Pelotas, no sul do RS, e tinham como destino São Paulo.
Para impedir que o comboio seguisse, os criminosos abriram fogo com tiros de fuzil e uma arma curta — ainda não identificada — contra o carro dos seguranças que escoltavam os ônibus. Os vigilantes teriam reagido à ação, mas as armas não tinham o mesmo poder de fogo das usadas pela quadrilha. A troca de tiros teria durado cerca de cinco minutos.
Os dois vigilantes foram baleados. Um deles, identificado como Paulo Roberto Coelho, não resistiu aos ferimentos. Ele deixa um filho de oito anos e a esposa, que está grávida de gêmeos. O outro ferido foi encaminhado para um hospital. O disparo teria atingido uma de suas pernas. Até a tarde desta quinta (29), ele seguia internado.
Com os vigilantes rendidos, os ladrões invadiram os ônibus para roubar dinheiro. Segundo um policial civil do Paraná que investiga o caso, mas pediu anonimato por questões de segurança, a quadrilha agiu com extrema violência e espancou passageiros.
Conforme o policial, a principal linha de investigação aponta que os ladrões já monitoravam os comerciantes do RS desde o solo gaúcho.
— Armaram uma emboscada, já estavam premeditando tudo isso. Eles seguiram (os ônibus), sabiam o local apropriado para parar o comboio, a rota e o horário de saída. Não foi ao acaso — disse o agente.
Após pegar dinheiro, celulares e alguns outros pertences de passageiros, o grupo fugiu em outros carros que estavam apoiando o crime. Ao menos oito bandidos participaram da ação.
Na rodovia, um carro foi abandonado pela quadrilha. O Cobalt parece ter sido preparado para o ataque: têm chapas de ferro cobrindo toda a parte traseira do carro e um buraco redondo no vidro, de aproximadamente 15 centímetros. A polícia suspeita que seja por esse espaço que os ladrões tenham atirado.
O veículo abandonado foi apreendido e passará por perícia. A esperança dos policiais é conseguir identificar digitais ou resíduos que possam auxiliar a identificar os criminosos.
Após o ataque, a Polícia Militar solicitou reforço e fez buscas junto à Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ninguém foi preso.
Eles seguiram, sabiam o local apropriado para parar o comboio, a rota e o horário de saída. Não foi ao acaso
POLICIAL CIVIL DO PARANÁ
Devido à organização dos bandidos, a investigação sairá da delegacia de Campina Grande do Sul - uma unidade pequena e voltada a crimes rotineiros — e será repassada para o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), o grupo de elite da Polícia Civil do Paraná.
Passageiros relataram "pânico geral", diz dona de empresa
Os passageiros dos dois ônibus resolveram prosseguir com a viagem para São Paulo. Ao todo, 66 pessoas estavam nos dois coletivos.
Em nota divulgada pelas redes sociais, a empresa de Pelotas MHT Turismo — responsável pelo transporte dos passageiros — informou que, por decisão da maioria, a viagem não foi cancelada. Segundo a proprietária da transportadora, Maria Tim, a ação dos criminosos durou cerca de 10 minutos.
A empresária conta que conversou com os motoristas e com alguns passageiros momento após o assalto.
— Eles me relataram que foi um pânico geral. Cada ônibus foi abordado por três bandidos. Temos escolta exatamente por conta destes assaltos. Aquele trecho no Paraná já é conhecido por ter bastante assaltos — afirmou.
As viagens com os lojistas até São Paulo costumam acontecer mensalmente. A empresa afirmou que o retorno dos passageiros ocorrerá no fim de semana.