A equipe das Forças Armadas suspeita de envolvimento na morte do músico Evaldo Rosa e do catador de papel Luciano Macedo, em Guadalupe (RJ), disparou pelo menos 200 vezes no dia da ação que terminou em tragédia. A informação foi revelada pela ministra Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha, do Superior Tribunal Militar (STM), durante julgamento de um pedido de habeas corpus feito pela defesa dos acusados. O tenente Ítalo Romualdo, que comandava a tropa, disparou 77 vezes. De acordo com um laudo pericial, elaborado pelo Exército e lido pela ministra, os nove militares que atualmente estão presos acertaram o carro onde estavam Evaldo e sua família com pelo menos 83 projéteis. A família ia para um chá de bebê quando foi atingida. As informações são do jornal O Globo.
A sessão acabou suspensa devido a um pedido de vista do processo, mas, antes da interrupção, quatro dos 15 ministros do STM já tinham votado pela soltura dos suspeitos. A nova sessão deverá ocorrer dentro de 10 dias. O subprocurador-geral do Ministério Público Militar, Roberto Coutinho, disse, num discurso enfático, que não existe ainda nem mesmo indício de que os soldados e oficiais tenham cometido crime.
Para o subprocurador-geral, os militares estavam no exercício "da função da autoridade". Eles teriam confundido o veículo do músico com o de bandidos que haviam passado pela região momentos antes. Evaldo, que dirigia o carro, morreu na hora. Luciano, atingido ao tentar socorrer a família, morreu 11 dias depois.
O subprocurador argumentou que não há risco à ordem pública que justifique a prisão dos suspeitos, que são, segundo ele, militares, não criminosos contumazes.
— Não pode a histórica Justiça Militar ceder ao clamor da opinião pública porque esta é sensível ao impacto midiático — disse Coutinho.