Um advogado de 37 anos teria sido agredido por policiais militares na noite da última quarta-feira (8), em Sobradinho, no Vale do Rio Pardo. Segundo relato da própria vítima, que é mestrando e preferiu não se identificar, ele estaria dando uma volta para descansar dos estudos quando foi abordado.
— Eles já chegaram com a pistola na mão. Eu dizia: "Não sou bandido, gurizada!". E eles diziam "cala a boca, vagabundo".
De acordo com o advogado, depois de ter os documentos solicitados, ele foi algemado e colocado no camburão. Ali, os policiais o teriam deixado um tempo, com o volume do rádio da viatura alto, enquanto o carro era revistado.
Em seguida, ele foi levado para o quartel da 5ª Companhia da Brigada Militar de Sobradinho.
— Quando chegamos, um deles botou a mão de um lado da minha cabeça e com a outra me deu três tapas bem fortes na cara. Fiquei tonto — recorda o advogado.
— Eu pedia a presença da presidente da seção (da Ordem dos Advogados do Brasil em Sobradinho), doutora Angela Wietzke, e eles diziam: Aqui a coisa é diferente —acrescentou.
Conforme o advogado que sofreu as agressões, os policiais teriam ligado para um delegacia da Polícia Civil para pedir orientações de como registrar a ocorrência. Como seria preciso assinar um documento, a vítima disse que não faria sem ler o que estava escrito.
— Aí vieram três brigadianos e me bateram bastante. Até cuspi sangue.
Nesta sexta-feira (10), uma reunião ocorreu entre representantes da OAB e da Brigada Militar.
O presidente da OAB do Estado, Ricardo Breier, foi ao município para conversar com os colegas. Segundo ao órgão, a apuração do caso será cobrada:
— Defenderei de forma intransigente as prerrogativas da advocacia onde quer que ela esteja. Quando um advogado é impedido de exercer o seu trabalho, quem é atacada é a OAB — disse.
— A seccional, junto à subseção, irá tomar providências para cobrar as autoridades. Esse é o peso Institucional ao qual toda a advocacia gaúcha pertence. Unidos teremos força para mudar essa situação.
Procurado, o tenente-coronel Giovani Paim Moresco, comandante do 23º batalhão de Santa Cruz, que participou do encontro desta sexta, afirmou que um inquérito policial militar foi instaurado e terá até 60 dias para ser concluído. Serão ouvidas testemunhas e analisadas possíveis imagens de câmeras de segurança. Depois, o documento será encaminhado ao Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio Pardo.
Segundo Moresco, os agentes não serão afastados e irão continuar trabalhando durante as investigações:
— Não tem motivo (para o afastamento). Sobradinho é relativamente pequena, se afasto dois policiais de um caso que ainda precisa ser investigado, são dois policiais a menos — argumenta.