Uma empresa suspeita de movimentar dinheiro – sem autorização do Banco Central – em um suposto esquema de pirâmide financeira foi alvo de operação da Polícia Federal, com apoio da Receita Federal e da Polícia Civil, no Rio Grande do Sul nesta terça-feira (21). A inDeal, com sede em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, estaria oferecendo aos interessados retorno de, pelo menos, 15%, no primeiro mês de aplicação.
O procurador da República Celso Tres cita alguns cuidados básicos antes de ingressar nesse tipo de negócio, como verificar se a empresa tem registro e autorização para movimentar dinheiro de terceiros.
— Fundo de investimento tem de ser regular. Se é uma instituição financeira, como eles fingiam ser, tem de ter registro no Banco Central. O fundo de investimento tem de ter registro na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) — alerta.
Thiago Wolf, sócio e analista da Zenith Asset Management, afirma que o investidor tem de desconfiar de lucro alto e rápido, que anda na contramão de operações realizadas no mercado financeiro.
— Só o fato de alguém te oferecer um retorno garantido e elevado já é de se suspeitar — afirma.
Wolf destaca que uma pesquisa detalhada da empresa em órgãos reguladores e a busca pelo histórico da companhia são ações básicas antes de realizar o investimento. O analista também cita a comparação entre o que é oferecido pela empresa e o que é praticado em outros fundos como um mecanismo para verificar se o negócio se encaixa nos padrões do mercado.
— A matéria (sobre o caso) fala em 15% ao mês garantido. Se o investidor der uma pesquisada no Google, não vai encontrar nada parecido em lugar nenhum. Isso já despertaria a atenção na hora.
Tres destaca que a atuação e o sucesso da inDeal entre as vítimas chama a atenção, pois o esquema não oferece um serviço ou um produto mais concreto, como em casos clássicos de pirâmide financeira.
— Impressiona pela simplicidade do golpe. Por exemplo, a inDeal não tem uma história, a cobertura de um ativo. A Telexfree tinha um ativo, que era a bandeira do negócio: publicidade em telefonia a longa distância. Tinha uma história ali. A inDeal não tem nada. Simplesmente apresenta um contrato onde diz que negocia criptomoeda — salientou.
O nome da empresa não foi divulgado pela PF, mas a reportagem confirmou a identificação ao ir até a sede onde os mandados foram cumpridos.
O advogado da inDeal, Julião Ludwig, afirmou que ainda não teve acesso ao inquérito e, por isso, não tem detalhes da investigação. Entretanto, o defensor salienta que em outra operação em janeiro já foi comprovado a inexistência de pirâmide, o que, segundo ele, deve ocorrer novamente agora. O nome da empresa não foi divulgado pela PF, mas a reportagem confirmou a identificação ao ir até a sede onde os mandados foram cumpridos.
Cuidados antes de embarcar nesse tipo de negócio
- Desconfiar de fundos de investimento com retorno prometido muito acima dos oferecidos no mercado financeiro.
- Pesquisar se a empresa que oferece o serviço tem registro em órgãos reguladores, como o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
- Pesquisar o nome da empresa na internet para verificar a reputação e legalidade do negócio.
- Não confiar apenas em contratos registrados em cartórios como fonte de segurança.
Riscos
- Perder o dinheiro investido.
- Quem ganhou dinheiro com o investimento pode enfrentar problemas. A Receita Federal pode identificar lucros elevados não declarados e os alvos podem sofrer sanções. Ações coletivas no âmbito cível, movidas pelo Ministério Público Federal (MPF), também podem atingir agentes beneficiados pelo esquema, segundo o procurador da República. Essa investida ocorre na tentativa de garantir a devolução do dinheiro lucrado ilegalmente.