Após a onda de violência que deixou ao menos 55 mortos em prisões de Manaus, o governo do Amazonas enfrenta dificuldades para armazenar e identificar corpos de vítimas do massacre. Nesta terça-feira (28), foi anunciada a transferência de nove presos, que seriam líderes de facções, para fora do Estado.
O grande número de detentos mortos no Instituto Médico Legal (IML) para identificação levou o Departamento de Polícia Técnica Científica a utilizar um caminhão frigorífico para armazenar os corpos.
De acordo com a diretora do IML, Sanmya Leite, a capacidade do instituto é para 20 corpos, mas no momento há 44 aguardando identificação, sendo 39 deles das quatro unidades prisionais do Amazonas onde foram registradas 40 mortes na segunda-feira.
Desses 40, somente um foi identificado e liberado. Os demais passaram pela necropsia e aguardam a conclusão do processo de identificação, informou Sanmya.
— Os familiares já foram contatados e agora aguardamos apenas a identificação, que será por meio da papiloscopia ou, se preciso, odontologia ou exame de DNA — explicou a diretora.
Os 15 corpos de presos mortos durante uma briga no Compaj no último domingo (26) já foram identificados, todos por meio de papiloscopia, e liberados. Segundo a diretora do IML, 10 tiveram como causa da morte as perfurações feitas por estoques produzidos a partir de escovas de dente e outros cinco foram vítimas de asfixia mecânica. A causa dos demais óbitos (outros 40 homens) ainda não foi divulgada.
Para reforçar a segurança na capital amazonense, o governo federal enviará cerca de cem homens até sexta-feira (31), para compor Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária. A violência é atribuída a disputas internas da facção Família do Norte (FDN), que passou a controlar o tráfico de drogas no Amazonas desde que massacrou integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), no início de 2017, também dentro de prisões.
Ao portal G1, o governador Wilson Lima (PSC) afirmou que irá providenciar a empresa Umanizzare, responsável pela administração dos presídios de Manaus, ainda neste ano, por meio de um novo processo licitatório. Após reunião com o comando da cúpula da segurança no Estado, Lima esteve no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) e no Ipat (Instituto Penal Antônio Trindade), onde foram cometidas as mortes.